sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Freud: orgasmos múltiplos ou homem-bomba?

Há alguns dias fiquei completamente surpreso com o desdobramento de uma discussão que, inicialmente de viés acadêmico, se desorientou para o campo das vaidades. Trata-se da discussão que gerou o texto sobre Freud e Jung lançado nesse blog há aproximadamente duas semanas. Ainda que o texto tenha sido completamente sincero – e por isso pode também ter sido áspero – fiquei realmente perplexo com os desdobres que causaram. Um verdadeiro clima de beligerância, afastamento e ignorância estimulada se acumularam em torno da tensão provocada. Pensei, repensei e resolvi fazer das nuvens carregadas um novo dia de sol claro, afinal, pouco se tem a ganhar, de lado a lado, quando as vaidades tomam o lugar reservado para o crescimento que emerge de um diálogo saudável, ainda que dissonante. Procurei meu amigo de debate, ofertando meu pedido de desculpas e a retirada do espinhento texto do ar. Sequer fui ouvido. Me foi batido, de forma fidalga (!)claro, o telefone na cara, igualzinho quando as namoradas estão magoadas e não querem ouvir explicações de nada! Não perdi noites de sono exatamente, mas reitero, fiquei perplexo. Primeiro pela grande diferença de idade entre eu e meu antigo “amigo”; sempre pensei que com o tempo a tolerância e a resignação ganhassem mais força. Além disso, pensei que alguém com idade para ser meu pai poderia ter a capacidade de relevar o “excesso de ideologia”, tão comum nas verdes idades em que a paixão transborda de todas as formas. Não ensinam isso na faculdade de psicologia? Foram todas frustradas minhas expectativas em relação a isso. Recebi um risível tu-tu-tu-tu e percebi que, apesar das rugas tímidas, tratava eu com um adolescente emburrado. Nada mais, nada menos que isso.

Confesso que devo muito ao mestrado da Unisinos pelas janelas reflexivas que se abriram em mim nos últimos tempos. Para quem não conhece, a dinâmica das aulas de pós-graduação estrito senso não tem nenhuma semelhança com a velha aula “papagaio egoísta” da graduação. Lá somos ensinados a debater, discutir e refletir. E pra isso ninguém precisa concordar com ninguém. Mesmo assim, confesso que a experiência com os fundamentalistas da psique me (re)ensinou aquilo que a velha filosofia campeira aqui do Rio Grande indica: não se pode dar murro em ponta de faca. Desdobres à parte, fiquei inquieto com a reação de contrariedade além do esperado e fui buscar suporte substancial em relação ao embate doutrinário. E porque pesquisando sempre se descobre, descobri que a psicanálise freudiana é tão fervorosa quanto essas religiões fundamentalistas. De acordo com os dados que colhi essa gente não mata ninguém, nem atira aviões em edifícios cheio de gente capitalista. De qualquer forma são tão fanáticos quanto os homens-bomba que explodem os próprios miolos em busca do paraíso cheio de virgens prontas para satisfazer, no céu, todos os desejos mundanos dos bombásticos imbecis. Também recebi suporte teórico de um excelente professor da UFRGS que esteve palestrando na Semana Acadêmica da Psicologia ocorrida na UPF no dia 11 de novembro. Dizia o professor Pedrinho Guareschi sobre os vícios da psicanálise em relação à não superação do paradigma racional-científico e do esquema sujeito-objeto e sobre algumas insuficiências da psicologia individualizada de Freud, que não tenho mais paciência para discorrer. Guareschi também fez uma interessante analogia: quando pingamos mercúrio na pele sã, não sentimos praticamente nada, porém, se tornamos a pingar mercúrio no mesmo lugar de antes, já com a pele sensível, sentimos alguma ardência e com a repetição podemos sentir fortes dores. A analogia foi utilizada para explicar que quanto se trata de dores da alma a mesma mecânica se dá: sempre que uma reação é demasiadamente inflamada, pode significar que tenha tocado em alguma ferida já aberta. E com isso fiquei especulando em que ferida fui eu, ingenuamente, tocar nos fundamentalistas da psicanálise...seja lá de cunho pessoal ou da sua seita hermética.

Pesquisando, o que me chamou a atenção nas leituras que fiz, foi a proximidade de Freud com a filosofia. Essa que segundo os adolescentes emburrados que debateram comigo não pode ser associada à psicanálise. Descobri que Freud, mesmo com a exclusão do status de obrigatórias das disciplinas de Reflexão Filosófica e História da Filosofia, cursou ambas e tardou o término de seu curso. Transcrevo agora, texto de Marcio Mariguela que faz conexões entre Freud e Nietzsche em relação ao sentimento de culpa. A Universidade de Viena de então era o centro de excelência da investigação científica, e havia pouco espaço para a especulação filosófica. Os jovens universitários, formados dentro do mais rigoroso estilo positivista de ciência – e Freud era um deles –, encontravam nas aulas de filosofia espaço para aventuras no terreno filosófico. Outro aspecto ilustrativo da especulação filosófica do jovem Freud pode ser identificado na correspondência com sua noiva Martha. Numa carta de 16/08/1882, escreveu: “a filosofia, que sempre imaginei como objetivo e refúgio para minha velhice, cada vez mais me fascina todos os dias”. Não se trata de demonstrar, como era previsível, que Freud se apropriou da filosofia para escrever toda sua rica obra. De qualquer forma, fica a minha perplexidade com a incapacidade de tolerância e de diálogo desses neofanáticos (pelo menos pra mim que não sabia). Escutei coisas como: “pra essa gente é Freud na terra e Deus no céu”. Caro o perigo das idealizações, sendo que desde já recomendo a leitura dos existencialistas, em especial Sartre. Ofereci espaço nesse mesmo blog para resposta, para que exercitássemos a dialética, e recebi uma total ignorância.

De qualquer sorte, aprendi na reunião que a falta de movimento é filhote da chamada pulsão de morte (essa coisa imbecil que Freud estranhamente só inventou depois que as Guerras mundiais estouraram). Vai ver seja essa tal pulsão de morte a operar nessa gente: morte (simbólica pela ignorância) à tudo que vai contra os preceitos metafísicos do deus feito de carne, ossos e um câncer de boca (Sim, nosso imortal Freud morreu de câncer na boca porque era fumante assíduo de charutos cheios de “pulsão de morte”). Ainda bem que os fanáticos da psicanálise e apoiadores não vão ler esse textinho que é também idiota e pueril. Afinal, essas letras são inexperientes e funcionam como o conteúdo da sacola do lixo, quanto mais aumentam mais fedem. Portanto, não venham aqui feder no meu monólogo e fiquem aí paralisados com a pulsão de morte e seu câncer holístico.

2 comentários:

  1. 1) O dono do falo falhado falado aqui roubou a minha fala: "a filosofia, que sempre imaginei como objetivo e refúgio para minha velhice, cada vez mais me fascina todos os dias".
    2) Não teve faloncose?
    3)Falou aes, blz.

    Nico

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  2. que idiota esse comentário eim nico?
    faça me o favor tá?

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