sábado, 18 de dezembro de 2010

WARAT e o luto colorido do meu coração



É passagem conhecida das fábulas heróicas a figura do mestre. O grande guru que indica ao herói os caminhos em direção ao centro da existência. O caminho de luz personalíssimo que só podemos alcançar quando tocamos o mais selvagem sítio de nossas interioridades. Diferentemente do imaginado, os heróis não são apenas os que povoam o imaginário infantil, mas todos que encaram longos caminhos em busca de grandes objetivos. E qual missão poderá ser maior que enfrentar a vida? Diante desse grande desafio que é a vida e as tortuosidades de seu caminho, nos tornamos heróis pela simples condição de ser. Para Joseph Campbell, todos somos heróis pelo simples fato (ou não tão simples assim...) de vencermos aquela avalanche competitiva de espermatozóides que nadam freneticamente em direção ao abraço quente do útero.
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Para a fábula e para a psicologia, o mestre não pode ser representado pela figura do pai que, pelos rótulos de responsabilidade, salvaguarda e amor, pode confundir a proteção instintiva com a desnecessidade de lançar os filhotes no abismo cru(el) da vida. Nossos mestres, assim, aparecem ao longo de nosso caminho e, no mais das vezes, chegamos até eles escutando apenas o eco rouco de nossos corações. Só o coração pode conduzir ao mestre. E quando podemos encontrá-los, é como ter nas mãos a chave de um grande baú de tesouros que ainda se esconde em nossos próprios jardins. Os mestres brilham como estrelas, apontando o dedo para o pote de ouro que se esconde no final de nosso próprio arco-íris. E porque brilham em demasia, se transformam em energia pura, incompreensíveis aos sentidos, impossíveis aos olhos comuns que brotam da mãe terra.

Meu mestre morreu, mas sem ter morrido. Tenho um otimismo em relação à morte, um otimismo que me falta em relação à vida. Prefiro pensar que o mestre deixou-me. Já me havia deixado a um bom tempo. Minha relação com o mestre Warat se deu como uma ejaculação precoce. Atingi o clímax e logo ele se afastou. Acompanhei o processo de abandono do plano terreno do Warat de longe, enviando energias curativas coloridas com o verde renovador da vida. Bebi tudo que dele podia, e logo ele partiu. Efetivamente não temos tempo a desperdiçar quando encontramos o mestre. É preciso sentir sua mensagem e seguir em frente, sabendo perceber o múltiplo olhar que o mestre lançaria em cada situação da vida.

Warat morreu sem ter me ensinado absolutamente nada. Os grandes mestres não ensinam, simplesmente caminham seguindo a luz que brota de seus próprios corações. Àqueles que intuitivamente sentem-se chamados pelo caminho que se descortina, cabe seguir. Os mestres ensinam de costas , em silêncio. Seguir trilhas onde nenhum pé ainda esteve, não é ter apenas coragem, mas confiança nos ecos sublimes do coração.

O mestre Warat foi das poucas almas que pude admirar em totalidade. Seduziu-me dos pés à cabeça. E agora se foi. Foi-se sabe se lá pra onde. Colorir sabe-se lá que parte da existência. Ele era um pintor de quadros invisíveis. Foi-se. Queridíssimo Warat. Que oco no peito me causa a partida dele. Como disse Quintana, quando um dos grandes vai embora, parece que o coração do mundo sofre uma parada cardíaca. Foi-se, assim simplesmente. Quando a morte chega, só existe o lamento e alguns pingos de esperança.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Conselho



Aconselhar?
Aconselhar é uma forma amistosa de enganação.
Perda de tempo, ladainha!
Perdão amigos fiéis,
conselheiros financeiros,
terapêutas estudados,
perdão espíritas de plantão.
Conselhos são pura ladainha!
A vida minha,
só eu sei ela todinha.
Mas... e se a vida minha não for só minha?
Agora fiquei em dúvida...
alguém tem algum bom conselho?



quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Personalidade à la carte


As conhecidas noções de introversão e extroversão foram criadas por Jung. As vinculações entre sensação-intuição e pensamento-sentimento, também são dele. Com o longo estudo empírico, os desenvolvimentos junguianos definiram 16 tipos básicos de personalidade. Se é improvável a possibilidade de precisão absoluta dos enquadramentos nas categorias propostas, provável, por outro lado, que muito digam sobre nós e nossos diversos modos de ser.
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Se minha intuição não está me traindo, para entender Jung, é preciso intuição apurada. Talvez dai a resistência na recepção de muitas das propostas junguianas que saltam sobre a rigidez fragmentada daquilo que apenas os olhos podem nos contar.
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A autoavaliação que segue, é bom meio de constatar possíveis erros e acertos na teoria. Se existem tipos de personalidade que podem ser resumidos em grupos, vale a pena matar a curiosidade e descobrir qual é o seu:


http://sites.mpc.com.br/negreiros/quiz.html


O meu teste teve um índice altíssimo de precisão. Loucura, nice to meet you!

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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

às todas maneiras




Aos extremos quero viver
e chegar perto das beiras.
Para quando eu lembrar, não esquecer
o divino de ser todas as maneiras.

abismos





Opa!
A prefeitura não coloca nenhuma placa
indicando aonde estão os abismos.
Vamos andando pela rua,
com a sensação de que tudo vai bem,
superficialmente bem, mas bem,
e uma queda sem fim nos espera.
O abismo é uma hiena da estepe
que espera um antílope distraído.
É da natureza dos abismos não ter fim.
São buracos negros da existência que sugam toda nossa energia.
E quando, sem querer, caímos em algum dos grandes,
como demora pra voltar à superfície.

domingo, 12 de dezembro de 2010

ovo choco, cabeça rachada



Ou o dia nos ganha ou ganhamos o dia. Ganhei um dos dias da semana que passou. Desde já vou avisando que provavelmente você se decepcione com a razão pela qual ganhei o dia. Os nossos motivos nunca interessam tanto aos outros quanto a nós mesmos. É por isso que os psicólogos têm um futuro promissor. Fazem de conta que se interessam pelas nossas picuinhas e, com paciência, a coisa acaba dando certo, que é quando percebemos, depois de gastar uma dinheirama, que é o “certo” o grande vilão filho da puta da história. O faz de conta dos psicólogos funciona: a ficção, quando é tanta, vira realidade. Acredito no poder dos psicólogos. Acredito que acreditar ajuda a anestesiar as dores da vida, mesmo que eu acredite em pouquíssimas coisas. Acreditar em alguma coisa, qualquer coisa: é isso que nos salva. Tenho acreditado nas sensações, elas estão se tornando os deuses da minha pseudoreligião politeísta. A religião das sensações busca o simples estar bem, um estado “oqueizão”, numa boa, nem feliz nem triste. Sinto minha crença na pele, mas, como meus ventos ventam para todos os lados, logo devo mudar de crença. Viver sem acreditar é coisa de macho. É preciso ter três testículos pra viver bem sem acreditar em porra nenhuma.

Balelas sobre psicologia e religião à parte, voltemos ao mundo real. No mundo real existem os estupradores da linguagem. Sim, da linguagem, não do idioma. São coisas diferentes. Estuprar o idioma não é tão feio assim quando se tem consciência do estupro. Os poetas sabem que estupram o idioma e as regras de sintaxe. Por outro lado, estuprar o idioma sem consciência, é sinal de falta de estudo, simplesmente. Em geral, a culpa, se é que alguém tem alguma, pode ser do vagabundo que não gosta de estudar ou do sistema de merda que não dá condições para as pessoas, que não são tão vagabundas, estudar como deveriam. Já estuprar a linguagem é fazer mal uso da possibilidade de expressão. Foi um estupro de linguagem que presenciei.

Eu tava sentado na sala da OAB, praticando aquelas burocracias “burrocráticas”. Meu grau de paciência é baixo com coisas burocráticas. Por isso que minha paciência é pouca com o mundo e seus trâmites insuportáveis. Hoje em dia, pedir uma pizza pelo telefone se tornou um tormento. Esses dias - excessos por minha conta - a coisa foi mais ou menos assim:

- Pizzaria, boa noite
- Boa noite, eu quero uma pizza de 4 queijos
- O senhor quer tamanho brotinho maroto, brotinho, pequena, média, grande, família ou cavalar?
- Brotinho maroto?...
- Sim, é uma novidade que estamos lançando para pessoas com anorexia, para quem come muito pouco.
- Pode ser essa então, respondi.
- O senhor quer com borda recheada?
- Sim
- Recheada com catupiry, cheddar, requeijão do cabrito do Himalaia ou o raio que o parta?

A essas alturas desisti da pizza e fui tomar um vinho. Mas voltando à sala da OAB. Sentou um doutor do meu lado, todo engravatado, todo advogado-sou-importante-porque-passei-na-porra-do-exame-da-oab. Esses caras apertam bem o nó da gravata pra justificar o nariz empinado. Deixam a barba crescida pra transparecer que são mais velhos e mais experientes do que realmente são. Forjam-se para o mundo e suas necessidades descabidas. Ele me cumprimentou engrossando a voz:

- Bom dia doutor – quando o cara engrossa a voz e chama qualquer um de doutor, é um sinal que precisa de um outro “doutor” como resposta. Massageei o ego dele e respondi repetindo: “bom dia doutor”. Esses caras, se não forem ladrões, nem fedem, nem cheiram, nem servem pra nada além de esperar o final de semana e trepar metodicamente com a mulher. Uma vida previsivelmente desgraçada. Ainda bem que eles não sabem. Educadamente, o tal doutor perguntou para a funcionária da OAB se podia usar o computador. Sentou a bunda burguesa na cadeira e questionou a menina:

- Querida, para imprimir, preciso de papel?
- Não, o senhor pode desabotoar a camisa e colocar na impressora no lugar das folhas, pensei.

Anos e anos sentando o cú numa carteira de colégio. Mais 5 anos esquentando a cadeira da faculdade e o cara faz uma pergunta imbecil dessas. E há quem se orgulhe de ser advogado!

Voltei pra casa pra tirar o terno. Fiquei envergonhado de usar um. Ele também não me seria mais útil no dia. É uma fantasia desconfortável de se usar. Encontrei a síndica do meu edifício na garagem. Pensei “lá vem essa mala encher o meu saco”. Os síndicos têm sempre o mesmo perfil: ou são aposentados ou são estelionatários. Ou os dois. Ela é aposentada e já ouvi reclamações sobre os altos custos das reformas que ela faz no edifício. Os aposentados vivem numa boa, não têm horário pra nada. A merda é que acham que todo o mundo está aposentado.

- Oi Paulo, deixei o recado da nossa reunião de condomínio embaixo da porta do teu apartamento. Chegaste a ver?
- Sim
- Vai ser na segunda, já que nos outros dias você disse que tem compromisso.
- Pois é dona Vera, justamente nessa segunda vou recuperar uma aula e não vou poder participar (eu usava sempre a mesma mentira pra ver se ela notava que eu DE FATO não queria participar de nada. Mas não adiantava, ela sempre pregava uma lição de moral em mim)
- Acho importante que você participe, afinal, vamos definir sobre as infiltrações na garagem, sobre os horários dos porteiros, sobre o uso do fundo de reserva e outras pendências...
- Pois é dona Vera, infelizmente ando sem tempo. E ainda aparecem essas aulas imprevistas. Na próxima vou fazer de tudo pra comparecer (mentira).
- É importante você comparecer, é bom termos mentes jovens participando, com a cabeça mais arejada (fiquei imaginando aquela velharada discutindo picuinhas, aquele caos sem propósito). Além de tudo você é um advogado (culpa da gravata) que pode nos ajudar a resolver as pendências com os inadimplentes.
- O pessoal é complicado né dona Vera, não pagam as contas.
- Sim, e blá blá blá...

Ela ficou me alugando por um tempo, depois consegui me safar. Coisa mais chata. Sempre acontece a mesma coisa. Ela marca as reuniões de condomínio (devem ser umas 2 por mês, nunca vi tanta reunião de condomínio), eu não apareço, e quando nos encontramos é esse o papo de sempre. Ela cobrando gentilmente minha presença e eu inventando uma lorota qualquer. Ela não percebeu ainda que eu NÃO VOU participar de reunião nenhuma. Não bastasse isso ser um saco, a velha marca as reuniões às 8:00 do sábado. Puta merda! Ela deve ficar sozinha no salão de festas nos sábados de manhã, falando com as paredes. Ninguém fora os aposentados é louco de participar disso num sábado de manhã.

Voltei ao trabalho e lá fiquei até o final da tarde. Quando sai, a chuva chovia que só ela. Chovia sinceramente. Em algumas ocasiões a chuva cai sincera. A chuva é sincera quando não é garoa nem temporal. Ela cai num ritmo de chuva, uma chuva de intensidade média. Fiz umas quadras a pé, sem correr. Deixei os pingos tomarem conta dos meus passos. Medo de se molhar? Devo ter, porque sempre que tenho que enfrentar a chuva, corro para me refugiar nas marquises. Dessa vez não corri. Tudo bem que sou sedentário e sempre que dá pra evitar o desgaste, eu evito, mas, dessa vez, não deixei de correr por preguiça, mas porque queria saborear a chuva molhando a roupa, a pele, o cabelo. Andamos com medo até da água! Fiquei sentindo a chuva me lamber, sensação agradável.

Pensei em caminhar pelado na praia sentindo a chuva. Seria uma boa maneira de sentir a liberdade. Mas como eu ia ser preso achei melhor desistir. Pensei em ir de sunga. Também desisti. Eu vestindo uma sunga era uma cena de filme de terror que ninguém mereceria ser obrigado a ver. Além disso eu tinha mais trabalho pela frente, tinha que dar a última aula do ano. Falei com a turma, discutimos, falamos mal do direito, falamos mal do mundo. Falamos bem do mundo. Falamos merdas. Rimos. As aulas eram agradáveis. No final, um dos alunos me disse:

- Eu decidi: vou abandonar o direito. A culpa é tua
- Ótimo

Meu dia tinha sido útil. Se sentir útil para os outros é muito bom. Gratificante. Perceber o que pertence ou não a nós mesmos é encontrar tesouros.

sábado, 11 de dezembro de 2010

amanhã talvez





Onde estão as ondas do rádio?
Estarão além das montanhas?
Como chegam até o carro que percorre os vales?
Como atingimos as coisas invisíveis?
Onde foram parar os pêlos de barba que não nasceram?
Será que ficarão em um quase?
Será que os pêlos vão mesmo desaparecer com o tempo?
E o apêndice? E o "minguinho"?
Onde está meu apetite?
Fome, cadê você?
Cadê o botão “alimentar-se” nos seres humanos?
Onde ficou o desejo de virar jogador de futebol?
Será que realmente eu nunca joguei porra nenhuma?
Onde esqueci aquela camiseta cinza?
Terá sido na minha velha casa?
Onde está a solidariedade?
Ninguém mais se importa com um desgraçado passando fome na rua?
Onde está a capacidade de habitar o estar alheio?
Ficou no prelo dos tempos que vivemos?
Ou o ser humano é filho da puta desde sempre?
Onde ficaram aqueles projetos de vida?
Os meus, os teus, os nossos?
Onde foi que perdi o tesão por todas aquelas festas e bebedeiras?
Terei broxado para as energias extravagantes e externas?
Como mudamos tanto?
Por que eu não sou mais a cada segundo do relógio?
Por que um segundo passa tão rápido?
Por que um segundo passa tão devagar quando o vaso está longe e estamos apertados?
Onde está a vontade de torrar a pele na praia?
Será uma desculpa de alguém que nunca poderá se bronzear?
Por que os grãos de areia são tão miúdos?
Por que a areia não é uma pasta homogênea e uniforme?
Onde está a vontade de comer coisas saudáveis?
Ainda vou conseguir parar de comer a morte das carnes?
Onde ficou meu desejo de ganhar na mega-sena?
Será mesmo que dinheiro não traz felicidade?
E se trouxer, como conseguir a felicidade?
Se eu virar um vagabundo, será que posso ser feliz?
Existe algum ócio que não seja criativo?
Criar é externar ou é pensar apenas?
Criar apenas pra não morrer?
Eu quero ser feliz?
O que eu quero sentir é mesmo a felicidade?
Ou tem outro nome?
O nome do que sentimos importa pra quê?
Perguntar é um mal dos ansiosos?
Onde estão os aparelhos de cd?
E os cd’s por que ainda são tão caros?
Por que tudo tem um preço?
Por que as pessoas não conseguem pagar os preços?
Como se sentem os que podem pagar e não pagam?
E os que podem e pagam e matam de sede outro tipo da mesma raça?
Somos mesmo todos da mesma raça?
O que é uma raça?
Qual a minha?
E a ratio, vai mesmo ir pro beleléu?
Existe só a emoção e a razão?
E o resto?
E as parcelas fragmentadas?
Somos feitos só de cabeça e só de coração?
E os pulmões?
É importante o ar em nossas vidas?
Onde deixei a vontade de ter um BMW?
Posso viver sem ar dentro de um BMW?
E sem amor?
O universo é mais profundo em uma pessoa do que em mil?
E as pererecas, são mesmo profundas?
Será que elas têm dentes malignos que nos esperam vampirescamente?
O cara que sonhou com a perereca dentada era virgem?
Onde encontrei a verdade sobre o amor?
Encontrei?
O que é a verdade?
Onde vi aquela paisagem que não sai da minha cabeça?
Eram ondas de poesia ou um tsunami?
Onde estão os guarda-chuvas todos?
No reino das piadas sobre os guarda-chuvas?
Os lixões hospedam os guarda-chuvas?
Onde está o inconsciente coletivo?
Onde está o inconsciente?
Coletividade é flertar com o umbigo alheio?
Onde ficam guardadas as cartas que não são enviadas?
Será que com o computador acabaram-se as gavetas de cartas?
E as cartas de Tarot, dizem o que não podemos ver realmente?
Por que o ser humano fica viciado em cartas?
Por que fica viciado em qualquer coisa?
Será que dá pra viver sem nenhuma necessidade?
Será que dá pra morrer sem nenhuma necessidade?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

postagem corrupta



Será que a corrupção é maior no Brasil do que em outros lugares? Dizem que a corrupção é um respeito à liberdade...será? Dizem que a corrupção quer obter uma vantagem...será mesmo? Dizem outras coisas. Tudo por conta do resultado de uma pesquisa sobre a corrupção. Mas, como uma pesquisa sobre corrupção pode ser confiável? Quem garante que as respostas e as perguntas não sejam corruptas?

É corrupto avisar com sinal de luz os carros que vêm na direção contrária, quando a policia está fazendo uma blitz surpresa?
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Lula lê Bukowski


O Lula é leitor de Bukowski. Tenho quase certeza. Não, não tenho muita certeza. Enfim. O entrevistador perguntou pra ele sobre a quantidade de petróleo depois da camada do pré-sal. Ele respondeu:

- Olha Gabriel (o Lula é um cara esperto, grava o nome de todo mundo), aqui é o seguinte: você está sendo pago pra dizer que existe pouco petróleo além do pré-sal, e eu estou sendo pago pra dizer que existe muito petróleo além do pré-sal...
Ele lê Bukowski. Tenho quase certeza. Não, não tenho.



(fui fazer, pela primeira vez na história do Google, a pesquisa: LULA - BUKOWSKI)

Carlos Alberto (SAI)demberg na Globo News



...os dados, as percentagens, o quadro econômico do ano, os juros, o ano que vem das incertezas (todo ano que vem é uma incerteza!), o PIB, a inflação que é inflamável como o antigo álcool que se comprava no mercado e que pegava fogo de verdade, o juro real (será que existe o juro irreal?), as médias e as especulações, o país volta a crescer se..., e essa inflação (ela de novo) correndo em 5% (Jesus Cristo!), como reduzir a taxa real de juros? Claro, a culpa de tudo isso, no fim das contas (que é a hora de acertar a conta), é da dívida pública. Entenderam! A dívida pública não é mole não! Ai sim meu amigo, ai sim é que eu quero ver...

beber o vinho




As taças de cristal são as ideiais para tomar vinho, dizem. Não concordo. Melhor que sejam de vidro. Assim, é possível tomar sem a preocupação de quebrar o copo, ou melhor, a taça. Pressuposto seja um momento para se tomar um vinho sem a menor preocupação.

Duvida de alguém que mora sozinho






Por que, no dia em que a moça limpa o apartamento, as bocas do fogão não funcionam a contento? Por que será meu deus?



virgular



Ontem, quando a chuva choveu no fim da tarde, pensei em ti. E enquanto eu pensava, muitas coisas aconteceram, ainda que eu só pensasse em ti. A sensação foi tão próxima da maior delícia que já brotou na terra, que me senti com a obrigação coletiva de escrevê-la e fazê-la nota digna de toda a humanidade. Escrevi sem querer escrever uma poesia, senão um relato. De qualquer modo, como de tão sublime sentir se tratou, foi inevitável usar a metáfora. O título é VIRGULAR:

“A poesia é a água, que escorre pelos dedos do poeta, da chuva das sensações que encharcou a contemplação.”

Pensando hoje, o dia de ontem tinha sido um bom dia. Algo para se pensar todos os dias.

A flor mais grande do mundo - Saramago

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Poesia acamada





Oh verde das matas virgens,
Oh vermelho das bochechas enamoradas,
Oh amarelo do crepúsculo de fim de tarde,
Oh branco das espumas do mar...
Oh arco íris de cores naturais,
das cores limpas de toda lúdica poesia comportada.

Mas onde estará a poesia desgraçada?
Ei-la posta ao pé do chão,
no vão da calçada!
Salivada poesia de cores, moribunda,
espatifada, mal educada.
Oh verde do muco gripal,
Oh vermelho do sangue tubercoloso,
Oh amarelão de toda infecção nasal,
Oh branco do transparente cuspe cavernoso.

Oh arco íris de cores naturais,
das cores sujas de toda poesia do mundo.
A poesia adoentada, mesmo coitada,
sabe doer sua dor, convalesce,
e levanta renovada.

Oh arco íris de cores naturais,
de todas as cores sujas
de toda a poesia
de todo mundo.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Liçoes de moral (idiotas) para o Natal...



Que possamos reaprender, ainda nessa vida, a tratar o "eu te amo", esse que engasga na goela, da mesma forma que um peido que se dá em solidão: naturalmente. Soltemos ambos com naturalidade, nossa saúde agradecerá. E se o natal servir só pra isso, já estará justificado. E se conseguirmos peidar e amar naturalemente depois que passar a bebedeira da ceia, melhor ainda. Temas de casa pra se cumprir ainda nessa vida hein companheiros!




Paradoxos entre o amor e o pau





O amor é poderoso, faz o pau ficar maior do que é.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O rascunho da poesia





Eu tanto queria saber,
se os poetas usam rascunho...
Ou se, a antever,
passam tudo direto da cabeça ao punho.


PFF

domingo, 5 de dezembro de 2010

Eu cuspiria


Fomos almoçar num restaurante bacana. Pedimos o prato e duas canecas de chopp. A comida estava boa mas o atendimento muito ruim. Não que estivesse ruim propriamente, estava ruim porque estava muito bom. Queriam nos atender com muita perfeição e aquilo não era nada humano. Os garçons eram treinados para atuar como máquinas. Se o cliente fosse estúpido, estariam ali com um sorriso congelado no rosto. Se o cliente os mandasse tomar no cú, continuariam sorrindo e pediriam desculpa por ter tirado o cliente do sério. Nunca gostei dessas coisas que não são de verdade.


A comida era boa mas essa babação de ovo não descia pela minha goela. Esses restaurantes caros vendem a ilusão do homem como máquina. Ou os garçons não podem acordar putos da vida e mandar o cliente se ferrar? Servilismo demais é um escárnio. Ficaram ali babando nossos ovos sem nenhuma necessidade. Fomos mal atendidos de tanta atenção que queriam nos dar. Fizeram mil perguntas mas quando a garçonete passou e levou minha caneca de chopp, não perguntou antes se podia. Você pode estar pensando que o chopp tinha acabado, mas não. Ainda tinha um gole quente misturado com restos de saliva. Fiquei puto da cara que ela levou o copo sem saber se eu queria tomar o último gole. Tinha feito mil perguntas irrelevantes e quando devia fazer uma importante esqueceu. Talvez fosse essa a parte humana que estivesse faltando. Pelo menos eu ia poder quebrar aquele ritual predestinado de troca de sorrisos entre os garçons e o cliente mimado. Chamei-a e perguntei:

– A caneca que você levou ainda tinha um gole de chopp moça...
– É que o chopp já tava quente senhor. (o senhor era pra eu me sentir importante...) Constestei:
– Mas como você pode saber se eu gosto ou não de chopp quente pra levar o meu copo assim sem mais?
– Quer que eu traga de volta o que sobrou?
– Sim.

Ela voltou com a caneca na bandeja. Era surpreendente como tinha sobrado muito pouco chopp. Eu era um babaca que só queria complicar as coisas. Mas a essas alturas já estava feito. Na verdade eu tinha arrumado aquela confusão só pra criar uma confusão. Não queria tomar aquele gole de chopp quente e cheio de saliva, queria apenas uma reação fora do script. Não bastasse que minha própria baba tivesse acumulada na caneca, ninguém podia garantir que, com a raiva, a garçonete não tivesse cuspido dentro da caneca. Tomei aquele líquido imaginando que ela não tinha cuspido, era conveniente pensar assim, ainda que o gosto me fizesse pensar o contrário. Conclui que a garçonete estava certa: o chopp estava quente e salivado. Por mim e, provavelmente, por ela. Ainda acho que aquela cadela cuspiu dentro. Vagabunda.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Belezas encasteladas





O RISCO DE

Uma beleza reverenciada
É tornar-se autorreferencial.
Saborear a reverência, encastelada,
É esquecer – da beleza – seu anseio subliminal.

Até que a beleza não mais,
Que é um pé no formigueiro.
E o ardor que nasce verdadeiro,
É o que, da beleza, se escondia atrás.

O belo dos olhos escorrega pela correnteza
Eis que a beleza, senhores,
Não se basta posta à mesa,
É mágica da língua, na usina dos sabores.

Mas se os finos traços se forem, simplesmente,
E o rio dos anos levar-te a juventude
Deixe-se ir a beleza dos olhos, naturalmente,
E deguste a dos sentidos, o belo em plenitude.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010