quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Vinícius é um existencialista



Eis os confrontos entre o idealismo romântico e o existencialismo fortemente passional do poetinha. O existencial é um humanismo sentimental. Vinícius é (quem se atreve a verbalizar no passado em relação à ele?)seu próprio existencial. O existencial é sempre mais bêbado, pois espera a pureza do espírito. É mais dionisíaco, sem ser autodestrutível. É mais sincero, pois se expõe à intempérie. Enquanto a saudade do idealista se esgota nos enleios imaginários da consciência, a saudade do existencial é o cheiro vivo resgatado pela memória. O existencialista respeita não por preservação do outro, mas por sinceridade ideológica com a própria sensibilidade que sona em cantigas cifradas pelos inconscientes em contato. O existencial tem a coragem de duelar com o destino, desdenha-o. Faz sonhar de pálpebras abertas e aceitar sem projeções fantasiosas. Permite o toque que sente os pêlos em arrepio. É a rotina dos lábios que experimenta os sais dos suores. Que faz sentir o mundo de artérias e veias do outro em ação. Que espera manutenção, sem decepções tolas em busca do invisível essencial. O ideal é suicídio, o existencial é tolerância. Conforta as certezas que a maturidade relacional traz. Percebe, acima de tudo, a raridade ínfima e episódica dos encontros mágicos das almas.

Um comentário:

  1. "a saudade do existencial é o cheiro vivo resgatado pela memória"
    Sábias palavras de um coração que sente saudades..tema este que conheço bem..sou uma conhecedora de tal sentimento..que podia falar e falar...mas não transportá-la no tempo tão bem como vc.

    Caro amigo..feliz dessa mulher que te inspira..feliz esse sentimento que faz a saudade o sangue fervilhar.

    Viva a saudosa dama da inspiração!!

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