terça-feira, 13 de abril de 2010

Reflexões naturais


De manhã chovia, e eu estava feliz.
Agora o sol nasceu, e tenho que ser feliz.
A felicidade da chuva é uma escolha
entre o doce da angústia serena
e a calmaria confortável do desassossego.
A felicidade da chuva sempre funciona.
É uma felicidade de lençóis macios depois do banho.
Uma alegre melancolia de viajar os próprios países.
Na companhia silenciosa da imagem muda da televisão,
do ventinho gélido que se desdobra entre as frestas,
das meditações em correspondência que são
a respiração e o canto dos pingos da chuva.
O sol é um mafioso bigodudo com um
38 apontado para nossas cabeças:
seja feliz seu escroto ou te mato!
Um ordena-dor da felicidade esse sol coitado,
maldito.


PFF

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