terça-feira, 9 de março de 2010

A fumaça dos poetas


FUMAR A POESIA

Que não se enganem todos,
Que compreenda a lei,
Que não reprimam os moralistas,
Que tolerem os alérgicos:
O cigarro de um poeta não é qualquer.


O cigarro é o momento de esfumaçar de poesia
as realidades esfumaçadas.
O poeta sabe-se vivo,
cogita-se morto.


Sabe das distrações da vida,
Sabe que viver é uma distração do todo.
Sabe dispensar a podridão do tempo.
E porque sabe,
E porque não lhe cai bem o suicídio, fuma.


E esse lânguido e lento suicídio
é um caminho, oásis caminho.
Da angústia que se abrevia.
Da morte, e seu fascínio diante da vida.


Aos fumantes todos decreta-se:
Parem de fumar!
Para que não falte cigarro aos poetas;
À estes, para quem
fumar é uma poesia para o fim da vida.


PFF

Um comentário:

  1. E sobre a bebida, Quintana já nos alertava:
    "Só se deve beber por gosto, beber por desgosto é uma cretinice!”
    Vamos beber e fumar meu caro!!
    Saudade de ti.bjo

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