- perguntou Otávio a Isadora. Não, Isadora nunca observara o amor das formigas.
- Nem eu - confessou Otávio. - Aliás, nunca ninguém observou o amor das formigas - sentenciou.
- Mas os entomologistas...- ponderou Isadora.
- Os entomologistas pensam que observam - retrucou Otávio -, mas as formigas são muito discretas. Não são como os homens e as mulheres, que amam em público.
A conversa continuava nessa trilha de formiga, em zique-zague, quando uma formiga apareceu na ponta da toalha da mesa e foi subindo. Outra formiga veio em seguida. As duas caminharam às tontas, depois juntaram as cabecinhas num movimento elétrico, e se afastaram, cada uma para o seu lado.
- Você acha que elas se amaram? - perguntou Isadora.
- De modo algum - respondeu Otávio. -Trocaram sinais de serviço, apenas. E daí, querida, ninguém ama com a cabeça, é exatamente o contrário, a cabeça atrapalha.
- Pois eu acho o contrário do contrário - disse Isadora. - As formigas podem ser mais evoluídas do que nós, e amar acima do coração, de um modo perfeito.
Mas a conversa não conduzia a nada, e os dois tomaram chá.
Carlos Drummond de Andrade
Paulo.
ResponderExcluirNão tenho o hábito de ler meus e-mails do hotmail, e ontem resolvi abrir. Eis que para minha surpresa tinha um e-mail teu com os agradecimentos do teu trabalho!
Fiquei encantada com tua lembrança e com teu carinho. Vc é uma pessoa especial. Alma doce e nobre. Muito obrigada!!
Beijos querido!