O COPISTA
Primeiro falavam, e com o tom que era meu, copiei as sílabas. E as sílabas se casaram.
Logo depois pude ler, e copiei a pose, me entrevando na escrivaninha iluminada.
Mais tarde ensaiei uns versos retalhados, e de novo copiei: o jeito, a simetria, a rima. E por falar em rima, rimei caminhão com coração, que era, com certeza, uma cópia cheia de teias de aranha.
Quando morri continuei copiando. E copiei o tipo de morte que eu morri, afinal, muitos já tinham morrido daquela morte, e já nem eu sabia se era eu que copiava ou se os outros é que preludiaram a morte minha.
Depois reencarnei, e aglutinei em páginas montes de letras sozinhas, e copiei uns quantos espíritos tortos. Escrevi em muros algumas ideologias sem força, escrevi em páginas brancas com e sem linhas, escrevi na areia alguma coisa que o mar levou, escrevi nas nuvens com jatos supersônicos, escrevi nas cascas das árvores amores epocais. Escrevi uma história melhorada de mim mesmo, escrevi de outros que nem sabiam existir, escrevi dos idos. Escrevi até sem escrever quando aprendi sobre energias, saudoso de quando escrever era sentar com lápis de cor na escrivaninha iluminada mais o leite com nescau. Escrevi tudo em tudo...tudo, porém, sem nenhum ineditismo.
Quando publicaram toda aquela catrefa de palavras pessimistas - que viviam bebendo para esquecer seus próprios esgares -, temperadas por cima com algumas palavras sãs; copiei a história. E tudo foi ao fogo lançado.
Também copiei o fogo que me matou pela segunda vez. Antes de morrer essa vez, saí pingando em chamas, deixando pelo chão cada pouco de onde eu vinha. Não lembro bem o que depois sucedeu. Não lembro se cheguei a morrer de novo, nem o que eu escrevia, se é que escrevia. O que lembro é que tudo se repetia, como uma cópia da história do mundo que me vivia.
Primeiro falavam, e com o tom que era meu, copiei as sílabas. E as sílabas se casaram.
Logo depois pude ler, e copiei a pose, me entrevando na escrivaninha iluminada.
Mais tarde ensaiei uns versos retalhados, e de novo copiei: o jeito, a simetria, a rima. E por falar em rima, rimei caminhão com coração, que era, com certeza, uma cópia cheia de teias de aranha.
Quando morri continuei copiando. E copiei o tipo de morte que eu morri, afinal, muitos já tinham morrido daquela morte, e já nem eu sabia se era eu que copiava ou se os outros é que preludiaram a morte minha.
Depois reencarnei, e aglutinei em páginas montes de letras sozinhas, e copiei uns quantos espíritos tortos. Escrevi em muros algumas ideologias sem força, escrevi em páginas brancas com e sem linhas, escrevi na areia alguma coisa que o mar levou, escrevi nas nuvens com jatos supersônicos, escrevi nas cascas das árvores amores epocais. Escrevi uma história melhorada de mim mesmo, escrevi de outros que nem sabiam existir, escrevi dos idos. Escrevi até sem escrever quando aprendi sobre energias, saudoso de quando escrever era sentar com lápis de cor na escrivaninha iluminada mais o leite com nescau. Escrevi tudo em tudo...tudo, porém, sem nenhum ineditismo.
Quando publicaram toda aquela catrefa de palavras pessimistas - que viviam bebendo para esquecer seus próprios esgares -, temperadas por cima com algumas palavras sãs; copiei a história. E tudo foi ao fogo lançado.
Também copiei o fogo que me matou pela segunda vez. Antes de morrer essa vez, saí pingando em chamas, deixando pelo chão cada pouco de onde eu vinha. Não lembro bem o que depois sucedeu. Não lembro se cheguei a morrer de novo, nem o que eu escrevia, se é que escrevia. O que lembro é que tudo se repetia, como uma cópia da história do mundo que me vivia.
PFF
Que bonito, Paulo... Fizeste lembrar um dia em que, ainda no colégio, levei meus "escritos" para a professora de português ler e ela disse que eu precisava me aperfeiçoar... Isso me inibiu durante muito tempo, porque pra escrever, principalmente o que vai na alma, é preciso coragem! Parabéns, corajoso! rs
ResponderExcluirBjo!
Paulo, Que fofo! Mais do que existir é escrever... Bj
ResponderExcluirAdorei ... :D
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