sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Seamos realistas, soñemos lo imposible

Depois de tanto escutar Warat e sua proposta de educação dionisíaca, alguns fantasmas passaram a perambular em meu imaginário sobre os métodos de ensino, formas de avaliação e demais desdobres em direção à melhor pedagogia. Especialmente no Direito e sua tradição bruta e burocratizada. Refletindo, passei a transmudar esses fantasmas em seres mais coloridos e com mais vivacidade. As borboletas e os anjos me indicaram, então, que era preciso fazer ação de todo aquele discurso, que era preciso começar a mexer as peças do retrógrado e cansativo palco reprodutor de bacharéis de nariz empinado. Também estava ciente que alguma resistência existiria em razão da velha dificuldade de transformação. Afinal, como diz Ingenieros, na órbita dos espíritos medíocres é preferível repetir o que é mal conhecido do que testar o bem que possa vir a ser conhecido. Os medícores - aqui se alude ao mediano e não ao medíocre carregado de notas pejorativas - são rotineiros, não tem ideiais. Fazem da arte um trabalho, da ciência um comércio, da filosofia uma ferramenta, da virtuosidade uma empresa, da caridade uma festa, do prazer de dionísio um pobre sensualismo. Buscando sempre a vitória da vida naquilo que não lhes pertence, já que, em verdade, não pensam, e portanto, assumem para si os nortes alheios. Podem passar uma vida inteira sem essa consciência e, por isso, são mais felizes pois são bobos inconscientes, são egoístas (e o assumem sem medo) e tem boa saúde. Essas são as três condições para um medíocre - os nossos ceguinhos do castelo - ser feliz. E são.
Eles também nada tem de criativos, pois se apoderam da criatividade de alguma alma geniosa quando esta vira algum resultado prático. Sim, eles vivem e morrem pela prática. Em tudo deve haver um porque bem delineado, uma chegada estabelecida...e passam inconscientes pela vida sem perceber que o doce está na travessia. O rol de características é extenso e por isso encerro por aqui.

Feita essa introdução, foi tentando superar essa rotulação que na 1a avaliação da turma de Contratos Internacionais na IMED, depois da leitura de um texto sobre a história de Peter Pan, de James Barrie, fiz a seguinte pergunta: Você acha possível comparar ou fazer alguma analogia entre o mundo atual e a Terra do Nunca? Apoiado no adágio de Erich Fromm, para quem "a criatividade exige a coragem de nos libertarmos das certezas" e mesmo em Einsteen que sentenciou que "a imaginação é mais importante que o conhecimento", tive gratas surpresas com os ótimos textos produzidos pelos alunos. Entre eles, o texto da excelente aluna Eva Valéria Lorenzato se destacou, razão pela qual vai aqui publicado. Parabéns pela sensibilidade e criatividade Eva.


A "TERRA DO NUNCA" É A REALIDADE SUBJETIVA DE CADA SER HUMANO. AO LER O TEXTO RECORDEI DO LÍDER "CHE GUEVARA". ONTEM ASSISTI A UM PEQUENO VÍDEO ELABORADO SOBRE ELE, COM UM FUNDO MÚSICAL DE DANTE RAMON, QUE FALAVA DE LIBERDADE. CHE ME PASSOU UMA IDEIA DE PESSOA QUE DEVERIA TER A ALMA LIVRE. DEPOIS DISSO, COMECEI A AQUIETAR A MINHA ALMA, QUE JÁ ESTAVA FICANDO PRESA LÁ NO FUNDO DE UM CALABOUÇO CHAMADO ROTINA, REALIDADE, CAPITALISMO, GANÂNCIA, DINHEIRO E MUITOS OUTROS.

LIBEREI, ENTÃO, DENTRO DE MIM UM SENTIMENTO DE SOLIDARIEDADE PELO MUNDO E PELA MINHA PRÓPRIA ALMA. PERMITI-ME, ASSIM, SONHAR NOVAMENTE COM UM MUNDO MELHOR. O MUNDO QUE EU ACREDITEI COMO VERDADEIRO DESDE A MINHA INFÂNCIA, QUANDO O LOBISOMEM PODERIA SER MANDADO EMBORA COM UM SIMPLES OLHAR MATERNO. COM ESSA LÓGICA, NA ADOLESCÊNCIA PASSEI A CONSTRUIR A MINHA IDEOLOGIA DE MUNDO. UMA IDEOLOGIA DE QUEM TINHA CORAGEM PARA ENFRENTAR E TRANSFORMAR A SOCIEDADE. HOJE, DEPOIS DE REVER O OLHAR DE "CHE", RELEMBRO NOVAMENTE DE MEUS IDEAIS E A MINHA ALMA VOLTA A SER LIVRE. ASSIM, DEVO ACORDAR DO SONO DIÁRIO, RECOMEÇAR A ROTINA, MAS SEM ESQUECER DE SONHAR E DE ACREDITAR SEMPRE QUE UM MUNDO MELHOR PARA TODAS E TODOS É POSSÍVEL.

FINALMENTE, A MINHA FÉ ME FAZ ACREDITAR QUE PETER PAN FOI CHE GUEVARA E GANDI, SOU EU E PODE SER VOCÊ, ENFIM, SOMOS TODOS NÓS QUE ACREDITAMOS NA FELICIDADE E CONSTRUIMOS UM MUNDO MELHOR PARA SE VIVER.

2 comentários:

  1. Me esqueci de te falar ontem do teu blog. Tinha dado uma passada ligeira nele, e hoje, com mais calma, resolvi dar uma lida. Tua aluna Eva, deve ser uma menina sensível que conseguiu captar a mensagem para 'gente grande' contida na história de Peter Pan. Para aquelas pessoas céticas,que só conseguem ver a realidade, talvez não perceba o aspecto simbólico contido na história. Poderia falar também do Pequeno Príncipe quem diz que 'o essencial é invisível aos olhos', valorizando aquelas coisas que realmente são essenciais e que vale a pena viver, quiçá apenas sentir.
    Parabéns pelo blog,
    Ana Paula

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  2. Ana, brigado pelas palavras carinhosas! Realmente é uma luta sem fim a tentativa de sensibilizar pessoas...enquanto o mundo e a cultura tentam a todo momento mascarar as lágrimas, sejam de alegria ou de tristeza.
    Seguimos na luta, tentando sensibilizar Evas, Adãos e quem mais se deixe.
    Vou esperar mais comentários teus e, desde já, solicito algum escrito teu, de uma grande mulher e alma sensível!
    Beijo grande.

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