domingo, 4 de outubro de 2009

Mais poesias do meu baú inconsciente


TEMPOAOTEMPO

E com o tempo,
até o tempo mudou.
As horas, cansadas do barulho
dos ponteiros do relógio e do cuco
gritaram por anistia aos ventos
e com o tempo se tornaram meses
vivendo felizes para sempre nos
calendários de papel de
aproximadamente trinta dias.
Também o inverno, que já não era
um rapaz de vinte e poucos,
pediu um tempo para pensar
eis que tinha os sentimentos congelados.
Sua frieza era tanta que adoeceu e,
poucos dias depois de janeiro, gripado,
morreu de frio e de tristeza.
A lua, aborrecida com a condição
de espelho dos astros, pediu licença
às galáxias e saiu do palco montado.
Se tornou um estrela como as outras
e agora ninguém mais sabe aonde está.
O tempo mesmo, o tempo eterno e imortal,
perdendo partidários e adeptos,
esmoreceu e sentiu que era hora de partir.
Concedeu férias aos relógios de pulso e de parede,
das torres e capelas, os de bolso e o das estações,
os digitais e os analógicos e ainda outros;
despediu sem perdão os horários e as agendas,
esticou uns lençóis anacrônicos,
arredou as folhas mortas que faziam coçar as costas,
apagou as luzes do universo e dormiu, serenamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário