terça-feira, 13 de outubro de 2009

Pois é...

Essa poesia é fruto de uma troca de emails com uma amiga recém chegada que conheci em São Paulo. Ana, depois de tanto dizer, ficamos, pelo menos, com uma poesia irritante. Ainda assim, eu também passo!


GENTEQUEPENSA

Gente que pensa é quase redundante.
No fundo de suas notas densas,
são prolixos em seus achaques pensantes.
Falam tanto. Escrevem tanto. Irritam tanto.
Vestem os léxicos copistas dos livros das estantes.
Gente que pensa grita tanto, é contra tanto.
E acabam sentenciando meros adágios errantes.
Essa gente acaba chata, inexata.
Aquelas letras coloridas,
agora gemidos queixantes.
Enquanto suas mentes altas voam
num mundo quase infante,
perdem rios de felicidade para almas ignorantes,
essas que sabem nada e conseguem tudo sem o mesmo nada.
E os livros clássicos sempre lidos,
seguem a não responder nossos problemas chocantes.
Mas essa gente que pensa é insistente.
Vivem em caminhos paralelos,
em morfinas de planetas distantes.
Essa gente acaba chata, ingrata, irritante.
Durante uma vida, este pequeno instante,
que o ignorante tem prazeres de amante,
essa gente que pensa acaba mórbida, confusa e delirante.
E se morrem para fazer os que não pensam,
pensar que estão pensando.

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