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Sem sacar o privilégios dos que ainda verão o filme, trata-se de uma obra despegada de convenções. Se espantarão aqueles que não tem uma mínima familiaridade com a libertinagem. Também os descendentes dos imortais moralistas europeus católicos do século XVIII e XIX. Sim. Sade também dá as caras nas entrelinhas. Entre Eros e Tanatos, o filme apresenta-se bruto. Do loirinho que despenca de cabeça da janela enquanto os pais transam ao cervo parindo um filhote natimorto, que, ao invés de nascer, fica pendurado em meio aos restos de placenta e sangue embaixo do seu rabo; da raposa dilacerada anunciando que "o caos reina" à masturbação convulsiva da personagem, possuída em meio ao húmus da floresta.
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A personagem observa a queda do próprio filho no mesmo momento que chega ao orgasmo transando - em camera mais que lenta - com seu marido. Essa não é uma crítica de cinema, mas um convite a não compreensão. Ficar pensando sobre o que queria von Trier, é um bom exercício, afinal, o próprio diretor afirma que fez o filme para ele mesmo e que foi vital para curar uma fase depressiva. Logo, é quase um feixe de elementos inconscientes do próprio diretor, o que torna, por essa simples razão, instigante. Compreender na totalidade? talvez impossível até para o terapeuta de von Trier. Afinal entender em linhas exatas não importa. Bendito Pessoa "O essencial da arte é exprimir, o que se exprime não interessa". Em Cannes foi amado e odiado. Aqui encantou e deixou graciosas dúvidas. Novas descobertas. Nada como dúvidas suculentas!
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