Uma indagaçao me caiu no colo do pensamento, lembrando da rusga histórica que Saramago, o escritor luso, tinha com a Igreja Católica e com os crentes em Deus de todas as polaridades. Pois que vão morrendo os Papas, os representantes de Deus nesse plano telúrico e, ato contínuo, a Igreja inventa um substituto, já envenenado de vontade de poder, com atributos para seguir a jornada de cristianização, que, diga-se, anda toda capenga com a propagação das religiões made in China e com a descoberta de que o impulso sexual dos padres não pode ser tão controlado assim como queria o Onipresente. E a ideia da Igreja segue. Capenga, mas segue. Com outro representante, mas segue.
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Mas quando morre um alguém sem instituição como o Saramago, alguém indefinido e com uma ideologia tão personalíssima que até se poderia erguer um templo para cultivo de seus postulados humanitários, como é que funciona? Onde estão aqueles que ficaram com sua procuração (e seu dom), para seguir remando e fazendo andar a nau da percepção? Dos gênios, sobra o rastro dos seus pensamentos nos escritos, a serem interpretados pelas gentes com nobres propósitos ou apenas com vontade de ler alguma coisa nas férias. Dos gênios como o Saramago parece que fica muito pouco do que ele representou quando podia fazer da inquietação alimento para outros inquietos.
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E o pensamento fidalgo morre - ou para não ser tão drástico, desmaia - nas estantes e nas bibliotecas. E vira centro turístico de gente que vai no futuro tirar foto em Lisboa sem sequer saber de quem se trata e do que tratava o indignado defunto. Isso porque a representatividade do gênio é coisa que se acaba com seu último suspiro. E da sua religião pensante fica o mundo órfão, tanto os que das suas genialidades já se haviam percebido quanto todo o resto que ainda levaria (levará) milenios para perceber. E até que brote de algum ventre abençoado um outro Saramago com outro nome, ficamos meio assim, sem pai nem mãe. Pássaros de boca aberta no ninho à espera de outra ave-mãe, que poderá nos alimentar com um colírio análogo para os olhos pensamento.
Assás oportuno essa reflexão. Devido a mesma, não pude deixar de lembrar-me das palavras de Mateus, que citando Jesus, escreveu: "O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão" Mt. 24.35 Como você mesmo sabe, infelizmente tem-se cometido absurdos em "nome de Jesus", fazendo-o parecer um palhaço ou o Aladim dentro de seu "céu", bastando apenas esfregar e fazer um pedido que certamente se terá o que deseja. É por essas e outras que urge a grandiosa necessidade de se reformar a "igreja evangélica" atual, haja vista assim como nos tempos de Lutero (na época o catolicismo), o evangelicalismo de hoje está travestido de piedade e benignidade, mas em sua essência, habita o maligno.
ResponderExcluirCertamente grandes mentes passaram e passarão por este mundo, mas há se de convir que as Sagradas Escrituras tem algo humanamente inexplicável, que a faz perpetuar gerações e atravessar abismos instransponíveis aos homens.
Grande abraço.
Interessante ver essa observação que vem de alguém que está dentro do evangelicalismo de hoje, ou pelo menos de um braço dele. Concordo contigo Filipe sobre a necessidade de reforma, mas antes, é mais fácil entender que o outro não sou eu, e que pode, até mesmo sentir necessidade do maligno. Afinal, as razões são tantas...
ResponderExcluirObrigado pelos belos comentários.
Abração