sábado, 20 de novembro de 2010

Rastejando


Alguma dúvida de que estamos rastejando? Digo nós em referência a coletividade, claro. Não se vive das exceções, o que é lastimável. Li o manifesto do amigo Gabriel (uma exceção) falando das dificuldades que os gays encontram nesse mundo filho da puta. Fiquei com nojo da raça humana. Envergonhado de pertencer à ela. Queria ser uma minhoca pra poder rastejar legitimamente, sem culpa. Digo culpa porque ganhamos pernas e continuamos rastejando. Se alguém não entender a analogia pare pra pensar. O vaso é um bom lugar. Se persistir a dúvida desista.


As minhocas estão ganhando o jogo. De goleada. Elas rastejam como nós. Mas é que nós temos as pernas. Elas não as têm. Bicho inteligente a minhoca. Usa toda a capacidade das coisas que a existência lhe deu de presente. E elas ainda são imortais. Pelo menos as que eu cortava com a unha quando ia pescar. Eu era um guri e ficava maravilhado em ver uma minhoca virar duas. As minhocas tomam chá de Highlander. E ainda deixam a terra aerada. O bicho homem além de querer cuidar do rabo alheio, fica fodendo a natureza que a minhoca cuida. E ela nem tem um cérebro. Vamos rastejando, à la cotoco. O nosso modo humano rastejante é obsceno. Mais obsceno que enfiar pedaços humanos em outros buracos humanos, não acham?

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