quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Enquanto isso, no livro das sensações...






As sensações,
todas elas vestidas de arco-íris,
beijaram-me a testa.
E foram até as ínfimas partes
das mais remotas células que me fazem matéria viva.
Nos ouvidos chegaram-me,
suaves como só a suavidade é por ela mesma,
a gaita de boca. Bob Dylan.
Com ela vinham, do outro lado do apartamento,
aquelas batidas da colher na caneca.
Da cozinha é que vinham,
pelas mãos da que tinha pássaros nas mãos.
Todas as alegrias serenas vinham de mãos dadas,
saudar-me pela benção da boa vida.

Pelo nariz,
invadia-me as entranhas o cheiro morno do bolo de chocolate.
O sol que não sentou propriamente no sofá,
mandou a luminosidade, sua filha princesa,
atravessar a pele das pálpebras que vestiam meus olhos.
E o que com os olhos eu via,
se escureceu luminosamente quando os resguardei no íntimo da clausura.
Detive-me.
Encarcerado naquela vã liberdade da manhã.
No prazer de sentir o melhor da vida concentrados em um só estado de ser.
Senti os sorrisos mansos da vida na pele.
Tudo ia bem,
que era coisa melhor do que quando as coisas iam muito bem.


PFF

Um comentário:

  1. É, para certas sensações as palavras parecem ser insuficientes para fazer o "mundo" entender...

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