terça-feira, 14 de setembro de 2010

A liberdade selvagem

Depois de ler o belo texto do amigo Afif postado ontem, fiquei um tanto perplexo comigo mesmo, razão pela qual escrevi o manifesto abaixo.



Iluminado o caminho.
Vai-se sempre até aqui.
Tem-se (e me incluo) a filosofia da lanterna.
Que é prodigiosa, não há dúvida.
Mas iluminamos, conhecemos além dos palmos correntes e curtos...
...mas... e aí?
Agora temos que saltar e confiar no paraquedas!
À beira do avião, com o mundo à nossa frente!
Mas, em geral, não vamos.
Não nos permitimos.
E, então, resta.
Resta o grande salto.
Ficamos no prelo da existência que soubemos iluminar,
mas não soubemos tocar com os próprios dedos.
Como a indicar para que os mais corajosos que nós o façam.
E isso até nos conforta, pois ficamos no:


"alguém vai me escutar ou ler e um dia (sempre essa porra de um dia que nunca chega) e ai esse algúem com bagos de um macho (ou fêmea) que vê vai se permitir".

Pensamos isso...lá loooonge das linhas do pensamento,
mas só no pensamento.
E resta.
Resta deixar a armadura alinhada de tecidos finos.
Abandonar a responsabilidade.
Abraçar a nudez.
Fazer dela a vestimenta irresponsável,
mas no fundinho, caprichosa e autêntica
(não viemos pelados, enfim?)
Resta fazer da cor cinza do texto, coloração da vida.
Levantar a bunda domisticada da cadeira.
E fazer, mas fazer agora!
Não me venham com desculpas.
Agora! Já! JÁ!
Largar tudo, para não precisar de nada.
É dessa liberdade que se fala?
ou da liberdade elegante que morre nas letras?
Exatamente como essa minha covardia?
ou é da liberdade pensada que por ser de linha tão longeva é...sonhada?
Sim, talvez sonhada!
E só! Nossos sonhos morrem no travesseiro e no pensamento.
Mas que MISÉRIA onírica.
Até que os ossos já não mais tenham resistência
para permitir o salto do bungee jump,
mas sem corda de seguranças.
Segurança de quê? Viver é um dilema!
Mas e se o espatifamento for melhor que essa pobreza nossa?
E se aquele guizado de gente, morto e fétido, não for mais que um guizado?
E se talvez a bolonhesa humana for o simbolo de uma porta mágica,
onde reine soberana a liberdade?
Mas essa bunda, essa bunda quadrada, mole e "maria-vai-com-as-outras",
essa bunda minha, tua,
dos que percebem como nós e sentam na mesma cadeira macia todos os dias...
essa bunda coletiva terá coragem de levantar?
Eu não tenho, mas vivo de dizer
- e de me convencer - que AINDA não tenho.
Esse é meu sonho.
Sou um missionário em busca da liberdade que não existe.

4 comentários:

  1. Paulo:
    E cá estás novamente às voltas com a nossa liberdade convencionada, vigiada, condicionada, limitada enfim. Isso tb me atormenta. Muito.
    Outro dia me peguei pensando até no que escrevo no meu próprio blog!!! Não é fácil mesmo.
    Recomendo o livro Medo de Voar, da Érica Jong.
    Viste o filme da foto? Não lembro o nome... mto lindo. Beijos.

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  2. Lembrei! O filme é: "Na natureza selvagem" e a trilha sonora é belíssima! Do vocalista do Pearl Jam, se não me engano...
    Beijos!

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  3. É Lu, vamos levando.
    O filme é ótimo mesmo, já vi sim. E a trilha sonora é bacaníssima. Pena que ele morre no final (quem não viu se ferrou..hahhhaha)
    beijão

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  4. Mas e se o espatifamento for melhor que essa pobreza nossa?
    tentarei não tentar. (Y)

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