Eu vinha esperando, numa infinita e paciente quietude. Queria ter certeza de que poderia lançar legitimamente um veneno para os azuis quando o colorado de glórias superasse o rival em títulos nessa corrida histórica. Nunca tinha falado de futebol por aqui, senão para celebrar a amizade e dizer que o futebol, diferentemente das suas razõs normais, se presta apenas para aproximar, para fazer assunto, para nos identificar. Superar a ideia corrente acerca do futebol é tentar vencer a cultura dogmatizante, afinal, ninguém duvida que para os fervorosos, o seu time é um locus de onde emanam verdades apodíticas, quase divinas. As paixões fortes são o sol que nos ilumina, meus amigos. Não as ter é acostumar-se a sentir frio.
Mas é que venho trilhando um caminho de luta contra o dogma. E o futebol não ficou de fora. O meu inter do coração, que tanto me fez sofrer quando eu era guri, no tempo de colégio em que o grande rival azul abocanhava todos os canecos, entrou no barco dos dogmas inquestionáveis que combato hoje com unhas e dentes. Até se pode pensar que estou complicando, já que bastaria comemorar, azucrinar a paciência de quem tem sono com um buzinaço de madrugada e encher o saco dos amigos gremistas. A sinceridade que tenho comigo mesmo não permitiu nada disso e, depois do jogo, quis comemorar a minha cama nova tão cheia de espaços, sagrado reduto dos cansados.
Esperei para falar do colorado porque sou da filosofia de que é melhor ter um passarinho na mão que dois voando. Estou com os dois na mão, os dois canecos que teriam me feito tão feliz na época do colégio e do microonibus que ia de Casca para Marau. Mas (sempre ele) lembrando a perguntinha filha da puta do recém ausente Saramago quando ganhou o nobel de literatura, agora somos bicampeões da América...e quê? ou, e aí? As vezes tudo parece tão nada, nadica de nada... Ganhamos a América e na verdade eu lembrei dos meus amigos gremistas, saudoso de todos eles. Fiquei foi nostálgico com o bi colorado, lembrando do bicampeonato do Grêmio, quando jogava supernintendo com o Vini e comia Cheetos com Coca-Cola, naquele tempo em que os dogmas justificavam minhas alegrias e tristezas, no futebol e fora dele...
Hoje é um dia nostalgicamente feliz. Que frio de mim.
AEEEEEEEEEEEEEEEEEEE Paulinho, deixa de filosofar criatura e vamos comemorar!!!!!
ResponderExcluirDá-lhe Colorado!
haha é, os anos 90 não foram nada fáceis para nós.. e eu não queria voltar para aquela época! haha
ResponderExcluirsabe o que eu lembrei agora? O dia seguinte à nossa conquista da Libertadores de 2006 foi o primeiro dia de aula de espanhol com o Professor Paulinho! haha lembro da nossa alegria de campeões.
parabéns para nós colorados.
Bahh Lili, com que lembrança legal você me presenteou agora :)
ResponderExcluirLembrar é tão bom para coias boas!
Parabéns pra nós, de novo.
Beijo querida
Negro
ResponderExcluirtudo se justifica em casca, a cidade criança.
nenhum caneco é completo sem uma citacao da cidade criança.
Tetra? só nos dois
É o tetra do RS negão!
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