sexta-feira, 25 de novembro de 2011

SEXTA-FEIRA: POLTERGEIST CLOWN





Numa sexta-feira,
o guardanapo acabou.

Todos os ranhos do mundo
sendo limpos nas mangas das blusas,
nas mangas da pele do braço.
Quantos mucos tão extremamente nossos acabam nos sujando a vida?

Haviam aniversários,
Festas sob pretexto do encontro,
Esperanças caminhando nas ruas.
Churrascos,

homenagens,

colações de grau,

casamentos.
Os presos viam a sombra dos postes livres através das grades,
as putas contavam dinheiro, acalmavam o inchaço na buceta com KY,
os candeeiros luziam numa estância gaúcha com chiados noturnos e vagalumes.

Os sapos nos banhados estavam se lixando pra economia.
As freirinhas com a bexiga caída oravam suas virgindades.

A infância de alguém em algum lugar,
em alguma sexta-feira adiantada ou atrasada por conta do fuso horário.
O fuso horário existe pra mostrar que o tempo não existe.
Mas existem essas rotações da Terra,
que nos levam ao lugar de antes.
É a sexta que voltou a ser a sexta de antes.
As sextas tem um perfume de universo, uma soterologia própria.
Todos estão atentos à noite de sexta...
talvez olhem o céu, talvez esperem o sábado.

Quem se atreverá a este talvez?
Eu não!


A coragem das sextas vem com os goles.
A coragem depois dorme e sente dor de cabeça.

As sextas à noite dão trabalho, nos cobram.

Se não temos dinheiro no bolso,

as sextas nos dão coronhadas na cabeça.
Se não temos amigos, também.

 o trabalho nas sextas à noite.

Garçons, travestis, taxistas.

Há o trabalhador da sexta à noite,
que são pessaos com seus nomes,
suas marcas, personalíssimas e homônimas...
Sentir o "de novo" enjoa o estômago.
Há quem busque terapias holísitcas na sexta à noite.

Há a meditação budista na sexta à noite, lá na Índia.
Os idiotas entoando mantras são felizes...
quê têm eles nos olhos que podem não ver?
Os paraplégicos,
Os suicidas,

As caturritas de gaiola...
Que é que esse povo faz nas noites de sexta?

Você pode tomar uma cerveja,
Esperar o sexo com sua namorada,
Ver um filme.

E os outros,
esses que fazem essa sua sexta parecer tão assim segunda, quê fazem?
São felizes apenas na cabeça de quem os pensa.
No olho-no-olho, a sexta deles é segunda também.
Inda assim, a sexta é a infância do final de semana.

Nos apaixonamos pela vida na sexta,
Como se a sexta fosse a primeira mamada da vida.
Sonhamos com a sexta assim como sonhamos que existe um amor para a nossa vida.
Ambos são enganações.

A própria enganação, como palavra, engana.

Nietzsche entenderia.
Bukowski entenderia.
Pessoa entenderia.
Vocês 3 devem rir-se de todos que cantam os rótulos humanos.
Essa sexta é o rótulo de um pote de salsicha estragado.

sexta-feira-sexta-feira: escrevo pra foder esse teu rabo sujo.

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