segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O MEL É O CIO DA TERRA







Andei pensando muito na poesia.
A poesia, lhes conto,
é um gnomo que nos convoca pra uma floresta colorida e encantada,
dessas que aparecem nos desenhos animados mas com o acréscimo de estar
cheia de virgens e gostosas com calcinhas pequenas e bundas firmes.
Ah, e claro, loucas pra dar e fingir que amam a mãe da gente.
A poesia é uma gostosa querendo dar pra gente.
Nesse sentido,
minhas mulheres têm a vantagem de ser trocadas por poesia e não por outra vagabunda.
(Para a mulher da gente, todas as outras mulheres - à exceção da mãe da gente,
da irmã da gente e da própria mulher da gente - são vagabundas.)
Melhor, então, que eu as traia com poesia.
Melhor que eu as traia com poesia?
Não, descobri que as mulheres têm ciúme também da poesia.
Se for caso de poesia, deve ter hora marcada e comunicação prévia,
que é pra evitar que ela faça as unhas sem necessidade.

(Agora um parênteses...minha perna, que se deita desta cadeira donde estou pra cadeira da frente donde não estou, treme estranhamente. Não sei se é a fome, a bebida ou um espírito que sentou no colo da minha perna – eu já não ando duvidando de mais nada, melhor considerar tudo como possibilidade que é para as possibilidades que vivem em nós aumentarem. Considero tudo verdade verdadeira provável ou improvável, afinal, todas as coisas são mesmo verdadeiras, provável ou improvavelmente).

Mas, voltando ao antes, lhes digo:
Essa é a minha habilidade -
viver entre a vida e a poesia.
Sei que do lado de cá, apodreço.
Sei que do lado de lá, enlouqueço.
Sou flungiston, sou o crepúsculo e a aurora,
nunca o dia ou a nunca noite.
Sou o imberbe com alguma barba.
Sou sem partido.
Sou sem paixão.
Sou sem sonho de revista.
Assassino das minhas próprias faltas.
Cometedor de minhas poesias.
Estuprador das minhas culpas.
Pastor das dúvidas que tenho.
Controlo minhas poesias como um peão que segura os bois com cavalo e berrante.
E, se acaso alguma me escape do rebanho,
a anistio de imediato,
com toda delícia e premonição bendita de que encontre melhor caminho.
Sonho é como filme:
se for bom, prefiro lembrar.
Sobre sonhar, sigo sonhando (e rezando) que os sonhos sejam a realidade...
Enquanto minha prece ainda é coisa do futuro,
me viro com poesia.
E volta e meia, ao meu bel prazer,
cometo cometas no céu dos meus versos higienizantes.
É que me comovi com uma moça que dizia que a poesia era o contrário do tumor.
Imagine só, a poesia ganhando espaço na prateleira da farmácia.
Oficinas de poesia nas farmácias, ensinando enfermo e enfermidade a poetar.
A poesia nas farmácias é um capítulo do futuro.
É definitivo: além de anestésico da alma,
a poesia é o mel do pensamento.

3 comentários:

  1. Poesia homeopática, distribuida em conta gotas, ameniza as intempéries da alma e liberta os sentidos onustos de obrigatoriedades da Aurora...

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  2. Só quem já foi trocada por poesia sabe o que isso significa.

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  3. O IMPORTANTE É SER MELHOR QUE A POESIA, A POESIA NÃO EXISTE E ISSO QUE DIFERENCIA!! EU DA POESIA!!
    IMPOSSÍVEL TER CIUMES DO INVISÍVEL!! J.F

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