domingo, 25 de setembro de 2011

MÍNIMAS - 3




Todos os livros de dieta e todos os nutricionistas poderiam ser queimados se as mulheres aprendessem que o alcoolismo tira a fome e evita aquele queijo espesso que sobra nas mãos da gente durante o sexo. Eu prefiro as médias. As gordas, as raquíticas e as que acham que tem um pau maior que o da gente, essas não tem viabilidade nenhuma senão aos desesperados.

 
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Em time que está ganhando se mexe, mas só um pouco, que é pra fazer o time permanecer ganhando por mais tempo.


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O problema básico das mulheres é que querem atenção. O dos homens também, mas em ocasiões mais excepcionais como uma perda profissional ou uma carência fantasmagórica de sexta à noite. As mulheres querem fazer da vida a dois uma obra de arte. E nós, artistas da paciência, temos que obrar com mentira quando a parcimônia está em falta no nosso estoque. Que a honestidade possa estar em promoção no buffet de atributos das almas futuras.


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O caos merece muitas das honrarias que, desavisadamente, foram parar na sala de prêmios da ordem. O caos funciona como marco zero, como instituidor do novo, como a flecha que só se completa como flecha quando encontra uma carne quente ou um alvo milimétrico. Os antigos, os religiosos e os contemporâneos, falam de mil maneiras diferentes que é o destino o território das pulsações e, portanto, da verdade fajuta que nos compete como humanos. O caos mostra por meio da desordem que a metade das verdades vêm sempre depois...antes, não nos é cabível sequer usar o vocábulo.


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É a transitoriedade a grande culpada pela imperfeição dos julgamentos.


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Humildade e honestidade são atributos humanos que se odeiam. Atrás de olhares ternos e benevolentes, estão vaidosas miradas às nuvens.


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À noite, o sexo é dos burocratas que acreditam em calendários. De manha, trepar significa crer no amor dos filmes. Mas quando alguéns trepam de tarde, é porque existe verdadeira fidelidade. Não há como ser fiel sem a intimidade da tarde, sem a subversão corriqueira do tempo.


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Estou – mais esta vez – de acordo com Bukowski: estar entre tantos suicidas que morrem de medo de morrer, é estar entre covardes.


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A solidão, em regra, é uma terra do nunca em que existe apenas uma regra: respeitar o fato de que a tolice tem absoluta certeza de que a tolice é dos outros.


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Engana-se quem pensa que deixamos o útero com o parto. É pelos idos da meia idade que conseguimos nos livrar da sedução uterina e caminhar em direção à sensualidade da morte.


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Os sadomasoquistas sabem que as dores da carne anestesiam as dores que não pertencem à carne. Não deixa de ser uma maneira de cruzar altaneiramente as mais insuportáveis dores.

Um comentário:

  1. Mínimas realmente!!!! Dessa vez suas alusões ao vislumbre de comparação do seu mundo com o das demais pessoas foi bem profundo, e como! O que adianta o álcool tirar a fome e deixar a pessoa fora do "ar", se o que ela queria mesmo era um motivo para dizer que está gorda? Quanto ao sexo é preferível envolver-se do que ficar reparando detalhes, afinal ninguém é perfeito, quando não sobrarem defeitos estéticos, sobraram defeitos expressos nas palavras (o que adianta o lindo que quando abre a boca só sai #/3? - asneira).
    Quem não quer chamar a atenção de alguém, falando assim parece que só mulheres são carentes e que delas - alem do sexo - nada mais se pode aproveitar.
    A morte é certa, mas quem a espera? Diga-me?
    Oooo, você ta cada vez, mas... Sei lá.

    Aline Aguiar

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