quarta-feira, 30 de junho de 2010

Marc Chagall

Para os desassossegados as livrarias e os sebos são uma espécie de local sagrado da culpa. Ali, a culpa reina tirânica com todos que se atrevem às aventuras de passear entre as lombadas dos livros. A culpa é tão onipresente que acaba sendo o perfume agridoce (mais agri que doce) de todo leitor comprometido. Claro que aqui não se está a mencionar o esporádico leitor-consumista que, em verdade, não vê essas capelas de livros como uma extensão sua ou de sua casa. Cada capa promete uma verdade e, por ser da natureza dos desassossegados a pretensão de tocar a verdade com a mão, a incapacidade de apreensão das verdades que se escondem por baixo das capas, derrubam todo passeador de livrarias e sebos ao inferno das próprias limitações.

Pessimismos à parte, é nesse reduto da angústia cognoscente, nessa atmosfera da sensação intelectiva do pau pequeno; que é possível encontrar paixões à primeira vista. Para quem acredita em destino, Deus ou coisa parecida, pode-se pensar que é o livro que nos olha, e não o contrário. E se nos olha, nos quer. E se nós também o queremos, paixão na certa! E se nos quer de verdade, lá se vão nossas mãos - aventureiras das verdades - a desenterrar as páginas sem nem mesmo sujar as unhas. Toda essa baboseira preambular para dizer que num passeio despretensioso pela livraria, descobri esse fabuloso pintor (deve ser até primo-irmão do Luis Fabiano Fabuloso...) que nasceu na Bielorrússia (em que inferno será que fica esse país, se é que ainda existe...). Marc Chagall, que me diz a wikipedia que morreu em 1985 na França (o túmulo pelo menos eu sei apontar no mapa). O cidadão existe e desexiste a tanto tempo e só agora eu, que perambulava angustiado pela livraria, o descobri. E a angústia foi-se embora pelos instantes. E voaram meus pássaros da arte. E uma japonesa gostosa massageou meus olhos...Eu também vi outro livro lá que dizia que as japonesas gostosas são campeãs na arte da massagem! Bom apetite!

2 comentários:

  1. No início deste ano, no MASP, havia uma exposição do Chagall. Hoje, ao ver o vídeo, lamentei não ter comparecido.
    Ah, estou lendo um livro sobre a cultura oriental, de K. Chin e devo adverti-lo: além da arte da massagem elas dominam a arte tântrica. Te cuida!!

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  2. gargalhadas!
    Paulo, tu és ótimo!
    Já tive o prazer de ver algumas obras dele e é realmente instigante!
    Porque assim como as livrarias e os sebos, os museus são um bálsamo para os desassossegados! Ou, como dizes tu, o inferno das próprias limitações para os passeadores de seus corredores... onde se pode ficar por hooooras e nunca parece ter sido suficiente!
    Bjs!

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