Para os desassossegados as livrarias e os sebos são uma espécie de local sagrado da culpa. Ali, a culpa reina tirânica com todos que se atrevem às aventuras de passear entre as lombadas dos livros. A culpa é tão onipresente que acaba sendo o perfume agridoce (mais agri que doce) de todo leitor comprometido. Claro que aqui não se está a mencionar o esporádico leitor-consumista que, em verdade, não vê essas capelas de livros como uma extensão sua ou de sua casa. Cada capa promete uma verdade e, por ser da natureza dos desassossegados a pretensão de tocar a verdade com a mão, a incapacidade de apreensão das verdades que se escondem por baixo das capas, derrubam todo passeador de livrarias e sebos ao inferno das próprias limitações.
Pessimismos à parte, é nesse reduto da angústia cognoscente, nessa atmosfera da sensação intelectiva do pau pequeno; que é possível encontrar paixões à primeira vista. Para quem acredita em destino, Deus ou coisa parecida, pode-se pensar que é o livro que nos olha, e não o contrário. E se nos olha, nos quer. E se nós também o queremos, paixão na certa! E se nos quer de verdade, lá se vão nossas mãos - aventureiras das verdades - a desenterrar as páginas sem nem mesmo sujar as unhas. Toda essa baboseira preambular para dizer que num passeio despretensioso pela livraria, descobri esse fabuloso pintor (deve ser até primo-irmão do Luis Fabiano Fabuloso...) que nasceu na Bielorrússia (em que inferno será que fica esse país, se é que ainda existe...). Marc Chagall, que me diz a wikipedia que morreu em 1985 na França (o túmulo pelo menos eu sei apontar no mapa). O cidadão existe e desexiste a tanto tempo e só agora eu, que perambulava angustiado pela livraria, o descobri. E a angústia foi-se embora pelos instantes. E voaram meus pássaros da arte. E uma japonesa gostosa massageou meus olhos...Eu também vi outro livro lá que dizia que as japonesas gostosas são campeãs na arte da massagem! Bom apetite!
No início deste ano, no MASP, havia uma exposição do Chagall. Hoje, ao ver o vídeo, lamentei não ter comparecido.
ResponderExcluirAh, estou lendo um livro sobre a cultura oriental, de K. Chin e devo adverti-lo: além da arte da massagem elas dominam a arte tântrica. Te cuida!!
gargalhadas!
ResponderExcluirPaulo, tu és ótimo!
Já tive o prazer de ver algumas obras dele e é realmente instigante!
Porque assim como as livrarias e os sebos, os museus são um bálsamo para os desassossegados! Ou, como dizes tu, o inferno das próprias limitações para os passeadores de seus corredores... onde se pode ficar por hooooras e nunca parece ter sido suficiente!
Bjs!