quarta-feira, 23 de junho de 2010

Chapéu personalíssimo



A RATAZANA

Vi logo cedo, saindo do esgoto,
a ratazana que copiava meu modo de andar.
Flertando com o equilíbrio,
até sobre duas patas tentou ela caminhar.
Fitei-a irônico, em silêncio a indagar:
Pobre ratazana, não terás tu natureza própria?
Teu estado fétido e copista,
a alguém vai interessar.
Se não quiser pagar direitos de autor
- porque se não consta nos códigos,
digo eu que há autoria também em ser -,
pelo menos pague um cafezinho,
por pura gentileza ou elegância, sem mais.
Só o que peço é um cafezinho,
pode ser expresso ou pingadinho.
A você que tanto me reproduz!
E siga sobre quatro pezinhos,
no meio do lixo, da podridão e do pus.
Só não esqueça o cafezinho.
Posso sorvê-lo de pé,
eu que ando tão devagarinho.


PFF

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