sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Sensações de Berlim


Berlim ainda respira as guerras. A de Hitler e a Fria. Mas respira com uma só narina, pois na outra, penetram os ares da tão buscada liberdade que, em verdade, pouco libertou. E porque as guerras e a cartografia do terror totalitário podem ser reavivadas nos museus indoor e outdoor de Berlim, é que a sensação mais chocante é perceber o pouco tempo que esses eventos históricos têm. Ainda que nas cabeças mais contemporâneos possa parecer que as brutalidades do século passado são apenas perguntas passíveis de cair em provas de história, em Berlim, lembramos de como esse nosso ganho tão singelo é tão recente. As dores passadas na história de Berlim, já se aglutinaram, sim. Os olhares curiosos dos curiosos que tem curiosidade de entender como pode um ser, criado desde o Éden ou da explosão que fez do pó um homem que devia ser fraternal, pode enfiar o ferro quente na carne e envenenar as entranhas de um outro ser fraternal que também não se sabe se nasceu do Éden ou do ponto bombástico do Big Bang. Esse é o olhar chocado dos curiosos. Os aportes do I-Ching revelam uma sabedoria que vai além da dialética passado-futuro. Dessa forma, o conhecimento oriental, apoiado em Capra, mostra que após todo zênite, sobrevém o declínio e logo, uma mutação. Se é possível fiar-se nesses cânones, certamente em pouco tempo terminarão as guerras mais sangrentas; essas em que os homens - negando uma natureza poética que devia ser de alteridade - lançam ofensivamente contra seus semelhante, todos seus amores mal resolvidos. Na guerra não há ódio. Na guerra existem amores frustrados e uma guerra é basicamente produto disso. Se Capra e o I-Ching estiverem certos, não nós, mas talvez nossos filhos evitem o confronto externo e façam as pazes com o amor. Sobrevirá o ponto de mutação...mas qual será a próxima guerra? Me arrisco a vaticinar o tempo dos homens que'inda virão para uma sentença: a próxima guerra dos homens será interna, personalíssima. O inimigo será o amigo refletido nos espelhos que, deveras, não refletem e que teimam em apenas refratar. Na batalha que virá da mutação, quem puder se perceber, será salvo...Mas essa é uma guerra das gerações futuras e quem não estiver muito preocupado, pode sentar no sol, comer uma banana, ler jornais e fornicar. Assim Camus já havia narrado o homem do nosso tempo, com exceção do sol e das bananas.

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