Respiro estranhamente: falta-me ar, falta-me algo,falta-me fôlego.Num desespero comedido,vejo-me forçado a respirar fundo,e suave, sempre suave.Tenho, no mais íntimo,o pleito secreto de chorar de dor.Mas, sempre,falta-me fôlego,Respiro a preservar o pouco ar que tenho.Sinto-me um animal engarrafado.Vejo a todos, e a mim mesmo,Presos numa velha garrafa de vidro.Conserva humana, bonsai mundano,Não sei se estou vivo ou morto.Limbo incômodo entre o conformismo e o desespero.Os meus movimentos, limitados.Os meus desejos, tolhidos.Debato-me na garrafa transparente:tento sair da jaula, mas pareço um animal,pobre, preso,coreografando para um público, fiel,o meu ensaiado despero.Gasto quase todo o meu fôlego.Sento-me à beira da cama para respirar.Já não tolero o calor,Já não aguento a falta de sono,Já não suporto os sonhos que intermedeiam os cochilos.Mas não passo fazer nada.Faltam-me fôlego, ar e asas.Maldita asma.De pouco adiantam-me os banhos,De nada servem-me os esforços:tudo permanece igual, e os lençois,velhos companheiros,testemunham o desespero insone.As horas passam, já não sei quanto tempo me resta.Já não sei venço as horas, ou se as perco,fugidas por entre meus dedos,Perdidas em meio a meus medos.Maldito fôlego.
Pedro Fonseca
Fala, Paulo!
ResponderExcluirQue bom ter notícias suas...
Tava lendo seu blog recentemente, e vi, por aquele texto "Recomeço" que você tava numa fase legal. Que bom!
Sem dúvida, o amor desengarrafa, dá fôlego...
Aliás, como já disse Caetano:
"Então não fale nada, apague a estrada
Que seu caminhar já desenhou
Porque toda razão, toda palavra,
vale nada quando chega o amor".
Como foi no velho mundo?
Abração!
Ah, uma coisa mais, adorei a imagem!
ResponderExcluirvoltei novo do velho mundo peu, desengarrafado.
ResponderExcluirE a fase é boa mesmo. Inicio de março vou pra SP e te ligo pra uma cerveja. Abração