terça-feira, 17 de maio de 2011

HELÊNICA





Na rua o molhado da chuva
refletiu tua boca como imaginura encantada.
Na rua a chuva fez trégua e,
mesmo assim,
em mim,
os pingos ainda te pingavam.
Os pingos fizeram em mim uma chuva inteira de ti.

Não é no pensamento que tu vens à mim,
mas eu é que vivo nos teus lábios,
e nesse insuportável celeste felino dos teus olhos -
lar de tantos abismos.

Pela luz molhada da rua
pude voltar à tua boca que,
às alturas escuras de um domingo
e mesmo nas alturas da semana,
vibram em mim como uma salvação
que salva do aquoso desses teus olhos sem nome.

Mas tua boca sangrou e,
sentindo o cálido gosto doce
do sangue que acariciou os sulcos da tua boca,
abri meus olhos,
tão confusos quanto helênicos.
O aço dos teus olhos, em feitiço,
transformou o caminho já morto atrás das minhas costas em mortal abismo.
Eu não mais poderia voltar à minha ancianidade.
Gritei por Helena... a que sempre esteve.
Em Tróia e sabe-se lá em qual outro canto da memória.
E fiz da intuição meus olhos,
porque ainda sou aprendiz da minha história.





3 comentários:

  1. Adoreii o post, me vi em algumas palavras, viajei com outras! Ahh gostei muito

    Um beijo!

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  2. sorte na vida é ser um aprendiz da própria história!!!
    ;)bjo amor meu

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  3. opa. Aqui nao tem a opção "curtir", mas fica registrado tal intenção. abç

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