terça-feira, 24 de maio de 2011

NORMALMENTE






Eu gosto de estar com os doidos porque gosto de estar do lado de gente normal. Quanto mais louco eu vou ficando, mais vou entendendo o que é ser normal, mais achando insano ser igual. Pena que ainda sou louco de menos, mas tenho metas de endoidecer à medida em que os cabelos ficarem brancos ou cairem, lá pelo outono da vida que é quando as penas para o crime de loucura ficam mais amenas. É engraçado ver que as crianças e os velhos, ou seja, aqueles que estão mais perto do estado de não-vida, são os mais próximos de uma liberdade louca usurpada dos seríssimos adultos sapientes de meia idade.

Meus cabelos não vão cair. Eu sei que não. É porque corto o cabelo de forma programada a partir das fases da Lua. A Lua é foda! A Lua é pra quem ainda acredita, tanto em cabelos quanto nos sentimentos e sensações sutis (Deus e o Diabo entram aqui). Claro que cortar o cabelo na lua crescente e no dia correspondente ao horário do próprio nascimento pode ser considerado coisa de gente insana. Mas brotam cabelos pseudoplacebos em mim de um jeito impressionante e mágico, logo em mim, que brotei numa família de carecas.

De todo modo, é engraçado perceber que a incompreensão é batizada de loucura pelos outros. É como se retribuissem a incompreensão com um soco chamado rótulo, que vêm lá da puta que o pariu mais primitiva que temos dentro de nós, no lugar tosco onde só sabemos fugir ou lutar. Nesse lugar tosco não há uma mesa de bar em que se possa sentar, conversar, tomar uma cerveja e depois buscar algum entendimento. É quase sempre os caminhos entre os diálogos que mostram alguma verdade, como um raio que ilumina a floresta escura e logo depois esconde a verdade na imagem que captamos no cérebro naquela ínfima fração de segundos. Esse alerta sobre os esplendores da dialética o Platão já nos fez antes de Cristo renascer do reino dos mortos, mas, como sempre é difícil entender coisas difíceis, ele é até hoje rotulado de um masturbador mental que morreu no campo da teoria e esqueceu da prática que é o quartinho onde o Tio Patinhas guarda suas moedas de ouro empoeiradas...O "sei que nada sei" morreu com o velho Sócrates que não tinha muitos problemas com a própria vaidade e por isso não escreveu porra nenhuma.

A loucura tem mais cores. Já pararam pra ver a cor dos carros na rua? O espectro vai do preto ao branco, passando pelo cinza e todas outros tons de cinza e de cor de merda mole correlatas. Os carros amarelos/roxos/verde-limão geralmente são dos publicitários que tem a sua loucura chancelada pela profissão. A loucura é mais legal. A loucura permite encontros, permite passos mais largos. Permite usar o passarão e o passarinho no mesmo ambiente, sem que haja um arquiteto positivista dizendo o quê "casa bem" com quê. Mas, para que os músculos da perna aguentem, é preciso, antes, um passinho meus caros passarãos. Um passinho que pode se dar evitando esse impulso mediocritas de batizar como loucura a incompreensão. Talvez esse possa ser considerado o  primeiro passo para tornar-se normal, que é o estado infinito e personalíssimo de autenticar esse monstro bondoso chamado você que dorme dentro de você. Ou alguém vai permtir uma carequice gratuita ou um autonaufrágio na própria piscininha inflável de 1000 litros?  

5 comentários:

  1. Minha intuição me diz que a loucura vai chegar, para ti, antes dos cabelos brancos.

    E, quanto a lua, basta parir e mestruar para compreender seu poder. Nós mulheres sempre fomos íntimas da Lua.

    Bj.

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  2. A grande loucura é pensar que só o outro é louco. Cada um com a sua, e de forma complexa entrelaçamos-nas. Coisa louca isso.

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  3. jesuis apaga a luizz, e eu q acho q to batendo biela, ate o pilomax apareceu

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  4. Paulo, você é a única pessoa que conheço, que carrega na carteira o "calendário da lua", única e exclusivamente para saber em quais dias do mês podes cortar o cabelo. Pra que loucura maior que essa? Mas sabe, são elas que te(nos) fazem ser diferente/especial. Beijo guri

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