Tanto tenta o pequeno homem dominar a gnose toda desse vasto império da existência. E o faz com o cochilo de seus sentidos. E meio assim aturdido, sem compreender e limitado a perceber, acaba batizado de batizador... o que não se constitui como um paradoxo propriamente dito, mas como um paradoxo impropriamente dito. E repete sua pequena história, que são as mesmas e cansativas histórias do mundo e que só mudam por conta dos diferentes títulos, como se os mesmos textos tivessem títulos reinventados...
Esse vício é de quase todos, e pode até ser que seja uma virtude que só compreenderemos quando o universo entender que é mesmo Uno. Uso o “quase” apenas pra não ser taxado de absoluto. Inescapável aos poetas, aos gênios, aos senhores respeitados e não respeitados (quê diferença há entre ambos?), aos anônimos que sentem e não batizam os sentimentos pois sentem sem necessidade de entender. Sentem e só. Como à maioria dos homens e mulheres sói assim acontecer.
São sempre os grandes e arquetípicos temas: medo, amor, morte, angústia, guerra, sexo, heróis, paixão, astúcia... parece que a criatividade esvaiu-se. Os sentimentos e sentidos só mudam mesmo de endereço, ou de email para já atualizarmos esse dito clichê que como tal são sempre ditos demais. As sensações são como uma família que muda de casa. Se a casa for maior ou diferente da de antes, continua a ser uma casa.
Ou – pergunto – essa tal alteridade, que anda cheia de moda e livros perfumados de novo, não é apenas o velho conselho de que nossa liberdade termina no limite da liberdade do outro? A velha questão da tolerância para com as nuances do outro que quase sempre são a nós insuportáveis porque, além de não virem de nós, são completamente diferentes das que vêm de nós...Do time de futebol que se torce até a posição e os parceiros eleitos para nos fazerem gozar. Acrescente-se nesse atualíssimo conceito difundido de alteridade um convite para que se convide o Outro (o alter do conceito) para um café com bolachas ou uma ida ao puteiro ou qualquer outro gesto de materialização do afeto. Um convite em que passemos a usurpar nosso próprio limite para que se cumpra a histórica regrinha de boa vizinhança, ainda que o Outro seja o maior filho da puta que existe na Terra, afinal, é preciso dar a outra face como ensinou Jesus quando cruzou por essas terras maculadas e benditas (sim, ao mesmo tempo).
Esses assuntos sobre a moralidade humana, esses choques entre revolucionários e naturalmente conformados, entre os crentes em Deus e os que dele se riem, entre capitalistas e socialistas e indiferentes, entre bondosos e malvados das fábulas da Disney, entre puritanas e sádicas, entre ociosos e trabalhadores, todos esses falsos confrontos disfarçados da mais pura vontade de domínio sobre o outro e sobre o resto, tudo isto e o que mais possa haver já encheram completamente o saco. Estão perfumados com talco, que é o cheiro por excelência de tudo que é velho e que está prestes a morrer de forma “delicada”. Assim, as histórias e tudo o que se diga (inclusive isso), só valem pela pitada de pessoalidade de quem as conta.
Por isso vejo na honestidade uma espécie de saída de emergência. Mas uma honestidade ainda maculada pela moral cristã e moderna e (sim) contemporânea. Sem honestidade de verdade, os temas seguem rondando as mesmas tensões, os mesmos falsos dilemas da nossa fantasia. Porque inventamos os dilemas se eles são produto da fantasia? Porque choramos a morte se a morte não morre? Porque queremos mais amores e mais dinheiro se, ao final, não vamos precisar de nenhum dos dois? Porque queremos consumir uma bunda gostosa se, ao final, vamos ejacular sozinhos? Porque os medos se é no espelho que encontramos os piores demônios? As temáticas da vida andam chatas demais. Tudo já foi dito, todos os filmes já foram feitos. Todas as guerras guerreadas. Até essa minha ode à canseira por certo já foi reclamada.
Tudo que a civilização aprendeu até hoje poderia ser resumido em uns pequenos postulados que poderiam ser agrupados numa Bíblia Resumão ou numa Constituição de poucos artigos. E tudo o mais que se quiser dizer, deixaremos de material para encher futuras linguiças filosóficas. Material a compor as sessões de livros promocionais que tem as mesmas coisas contadas por gente desconhecida e sem nenhum plano de marketing editorial. Esses postulados que já foram delimitados por tanta gente. Essa recorrência de argumentos mascarada de concorrência de argumentos. Uma contraposição de causa e efeitos (que serão os mesmos com nomes novos).
O que escapa desta regra: respeitar a si, aos outros e ao meio ambiente? Desenvolvimento sustentável... só se for da nossa santa paciência. Que saco ser tão educado! Pregar respeito ao meio ambiente e continuar comendo 500kg de carne em todo churrasco de domingo como uma hiena do Discovery? Que cada um possa viver dentro da sua garrafa do jeito que quiser, dessa garrafa desnorteada que bóia no mar de brinquedo de um pessoal que não conseguimos enxergar porque são grandes demais aos nossos olhos terráqueos. Mas basta dessas pregações! Basta de querer ver Outro ferrado só pra alimentar nosso saco de honrarias! E quem disser que isso é subjetividade ou loucura será igual aos que não disserem nada e rirem com um sorriso encabulado de quem não entendeu porra nenhuma. Na verdade eu também não sei o quê quis dizer, mas sou um filhote da intuição e, por isso, repito esse grande tema sem tema que é o caos. Abiantô, chatô, alô alô alô...alguém na escuta?!
Graaande texto Hermes Trismegistos, deus grego "Mago dos Magos" que transita entre o Céu e o Inferno, trazendo as boas (às veses nem tão boas) novas aos terráqueos.
ResponderExcluirFica-me muito claro que já cansastes dessa vida de "humanos demasiado humanos", dessa chatice insuportável compulsiva que fica correndo atrás do próprio rabo como cachorro sem olhar o que está a sua volta. Uma masturbação mental e sentimental que se esvai sem sair do lugar. Já escalas a montanha do desconhecido e olhas pra baixo acenando para os que ainda não sabem a direção. Cansastes Hermes, já é ora de virar a página, de realmente se entregar a verdadeira vida. Está na ora de morrer nessa vida e, ainda em vida renascer!!!
Graaaande texto Hermes, pois cansates!! Colocando os peitos nus para fora do quarto e travando uma linda discussão ao estilo Bukowski/Nietzsche, com a verdade escancarada e jogando na cara de todos o pólen da sabedoria indignada. E que escutem aqueles que têm olhos, braços e pernas.
Só não digo que faço de tuas palavras as minhas pois não falo como tu.
E te digo, pois é verdade!!
Mesmo que os temas da vida se repitam eles são infinitos na sua profundidade. Esses temas não mudaram na sua essência desde que o homem é homem à 40mil anos atrás. Antes do Raulzito já era assim. Mas as roupas mudaram, os cheiros mudaram, os gostos mudaram, o chão, o prato, a bebida o som, o livro e o computador... Tudo mudou...
Os sentimentos ganharam novas roupas para se travestir e se divertir.
Se estão mais próximos da verdade?! Penso que sim. Mas não é isso que quero te dizer.
Existe um outro lugar, que também é aqui, onde tudo isso não tem importância nenhuma e não tem como se descrever nem se escrever. Só se experimentar! E esse lugar é restrito!! Não é para todos. É para aqueles que o conquistam e conseguem achá-lo, nem que seja por um pequeno vislumbre.
Ele está aberto para todos, mas poucos conseguem chegar lá.
Muitos músicos, escritores, poetas e amantes já foram e tentaram descrevê-los QUANDO VOLTARAM, mas tudo isso continua sendo caricatura.
Só existe uma maneira, que é ir “lá”.
Tu sabes de onde estou falando, e me parece que não tens outra alternativa, se não SER ABSOLUTA E TOTALMENTE LIVRE...
Abraço!!!
Gostei do blog e deixo um convite:
ResponderExcluirhttp://hpompermaier.blogspot.com
Abraço!
"Essa recorrência de argumentos mascarada de concorrência de argumentos..." As criaturas deste mundo mudam de máscara Paulito, o resto continua sendo igual. Os pensamentos, as ideia (que tão pouco são verdadeiras ideias), e tudo o que se tem, são meramente a repetição do já se tem. Por que poucos, conseguem viver despidos da personalidade alheia. Poucos se salvam nessa alucinante viagem.
ResponderExcluirUm beijo, saudade de ti.
É e já dizia Raulzito:
ResponderExcluir"E nas mensagens que nos chegam sem parar, ninguém pode notar estao muito ocupados pra pensar"
pô mago, sumiu daqui o teu belo texto!
ResponderExcluirvai ver foram os assediadores extrafísicos..hahaha