Pois é, o último conto imediato me deixou meio confuso. Eu escrevo mesmo sem muito compromisso, vou despejando letras e frases a Deus dará, ao léu, imerso na deriva da minha nau, canoinha, bote ou coisa que o valha. E só depois paro para pensar no que nasce do branco do papel (às vezes sequer paro, sequer penso). Afinal, são os dias ou os anos que demoram mais para passar? Os velhos são "os caras", imagino eu, para falar sobre esse tempo senso comum que nos consome. E seguimos sem perceber a obviedade dos velhos, que nos dizem a todo momento que a vida passa rápido, sempre como um piscar de olhos. Os velhos nos dizem para aproveitar a vida, e até intuímos o que eles querem nos dizer com isso. Mas vamos evitando os dias em detrimento do que os anos podem nos trazer, nos tolhindo enquanto desejo impulsivo, evitando as atitudes do dia (que podem, estas sim, modificar os anos vindouros), alijando a rebeldia e nos tornando como as peças de xadrez que caminham ao mesmo xeque-mate, acovardando-nos, renegando-nos, esperando o amanhã de tantos tesouros (quais?!!!), esperando...sem saber o que esperar exatamente. E a vida, ela toda, passa numa piscadela...seja com a juventude dos dias que não vemos passar, seja com os anos saudosos que se ganha na velhice... (E sigo sem concluir...)
Gravura pertinente: A persistência da memória, Salvador Dalí, 1931.
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