Pedro das Luzes andava pelos corredores do antigo prédio público da Rua dos Centavos, quando incontido, sentou-se e disparou no bilhete:
"Por quantas existências tu seguirás tão repetitiva, tão (claro!) previsível, tão inalterada, tão amiga dessa pulsão de morte que não te deixa mover em direção aos espaços novos, tão semovente a ruminar a mesma porcaria tua de sempre, tão asquerosamente estática, tão porta-bandeira dessas bandeiras mesmas que apontas em direção às frágeis vidas e que a cada ferida delicada mancha de escarlate os panos das bandeiras que empunhas como vitória, tão soberana do ardor do fogo, tão excitada com o desbaratino alheio que são teus açúcares diletos, tão sectária dessa maldade consciente...por quantas existências permanecerás tão igual com teus motivos? Por quantas existências permanecerás assim tão inspuportavelmente irresistível?"
PFF
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