OUTRA AVENTURA DA IMORTALIDADE*
Mauí, o fundador das ilhas da Polinésia, nasceu metade homem e metade deus, como Gilgamesh.
Sua metade divina obrigou o sol, que andava muito apressado, a caminhar lentamente pelo céu, e com um anzol pescou as ilhas, Nova Zelândia, Havaí, Taiti, e uma atrás da outra foi içando-as do fundo do mar e as colocou onde estão.
Mas sua metade humana o condenava à morte. Mauí sabia disso, e suas façanhas não o ajudavam a esquecer.
À procura de Hine, a deusa da morte, viajou para o mundo subterrâneo. E encontrou-a: imensa, dormindo na neblina. Parecia um templo. Seus joelhos formavam um grande arco sobre a porta escondida de seu corpo. Para conquistar a imortalidade, era preciso entrar inteiro na morte, atravessa-la toda e sair pela boca.
Diante da porta, que era um grande talho entreaberto, Mauí deixou cair sua roupa e suas armas. E entrou, nu, e deslizou, pouco a pouco, ao longo do caminho de úmida e ardente escuridão que seus passos iam abrindo nas profundezas da deusa.
Mas na metade da viagem cantaram os pássaros, e ela despertou, e sentiu Mauí escavando suas entranhas. E nunca mais o deixou sair.
Mauí, o fundador das ilhas da Polinésia, nasceu metade homem e metade deus, como Gilgamesh.
Sua metade divina obrigou o sol, que andava muito apressado, a caminhar lentamente pelo céu, e com um anzol pescou as ilhas, Nova Zelândia, Havaí, Taiti, e uma atrás da outra foi içando-as do fundo do mar e as colocou onde estão.
Mas sua metade humana o condenava à morte. Mauí sabia disso, e suas façanhas não o ajudavam a esquecer.
À procura de Hine, a deusa da morte, viajou para o mundo subterrâneo. E encontrou-a: imensa, dormindo na neblina. Parecia um templo. Seus joelhos formavam um grande arco sobre a porta escondida de seu corpo. Para conquistar a imortalidade, era preciso entrar inteiro na morte, atravessa-la toda e sair pela boca.
Diante da porta, que era um grande talho entreaberto, Mauí deixou cair sua roupa e suas armas. E entrou, nu, e deslizou, pouco a pouco, ao longo do caminho de úmida e ardente escuridão que seus passos iam abrindo nas profundezas da deusa.
Mas na metade da viagem cantaram os pássaros, e ela despertou, e sentiu Mauí escavando suas entranhas. E nunca mais o deixou sair.
* Extraído do livro Espelhos de Eduardo Galeano.
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