segunda-feira, 25 de julho de 2011

O MURO DE ESTAR






Tenho sido um concordante, e é fácil:
basta ficar em cima do muro.
Ficar sempre em trânsito,
vivendo num gerúndio eterno.
O alto dos muros é pra quem flerta com o equilíbrio.
É pra olhar melhor,
pra usar a politicagem,
pra ter argumento a favor de tudo.
Não é uma forma de defesa porque o único risco é o de que nasça algum.

Então eu guerreio meio sorrindo,
como se o jogo da vida fizesse uma pausa pro mijo,
ou desse uma espreguiçada na coluna como fazem os gatos.

Paro de limar a ponta da lança -  e até a esqueço.
Reinvento a utilidade do que é só objeto.
- E será que nós também não? -
E da lança, agora transviada em adereço,
faço cabide de segurar minhas toalhas enxarcadas de bênçãos,
como se eu cagasse apaziguado num lavabo chic, aberto sobre o universo.

Faço batuque no que antes servia de escudo,
pandeirando esse nada que é a vida,
vendo o sobe-desce do sol, em cima do muro,
sem entender nada,
mas sentindo QUASE TUDO que é possível.

5 comentários:

  1. Fatos e verdades nas palavras de xirú.

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  2. O muro talvez em minha humilde - e sonolenta - opinião uma forma de critica a alguem muito diferente de vc, que tem uma resposta afiada as suas ansiedades demonstradas nos erros dos outros. Mas as pessoas que estão em cima do muro não vivem, pois os outros vivem por elas. O muro disfarça suas ideias ou os faz viver sem elas. Muito bacana o texto me fez pensar em quantos muros eu construí para mim.

    Aline Aguiar

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