terça-feira, 19 de outubro de 2010

Contos Imediatos XXXII

O COMISSÁRIO
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Completamente ignorado que era por todos aqueles tipos vestidos de preocupação, pelos leitores de folhas impressas de inutilidades e por aquelas senhoritas escondidas atrás de uma grossa camada de poeira artificial; o comissário carregava no semblante um desejo de tragédia.
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Prostrado no meio de ninguém, naquele ritual autômato dos procedimentos de emergência, queria vingar-se de toda aquela gente envenenada por suas próprias razões. Em alguns momentos só a catástrofe tem o atributo de fazer despertar. É em geral assim que revisam-se os homens: quando têm que enfrentar o absurdo.
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Desejava que o avião se esborrachasse no chão. Talvez assim, ao menos no breve instante de pânico fosse lembrado. Queria mais ser lembrado do que viver.
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PFF

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