sábado, 30 de junho de 2012

De barriga pra cima



Você meu mundo meu relógio de não marcar horas; de esquecê-las. Você meu andar meu ar meu comer meu descomer. Minha paz de espadas acessas. Meu sono festival meu acordar entre girândolas. Meu banho quente morno frio quente pelando. Minha pele total. Minhas unhas aceradas aciduladas. Meu sabor de veneno. Minhas cartas marcadas que se desmarcam e voam. Meu suplício. Minha mansa onça pintada pulando. Minha saliva minha língua passeadeira possessiva meu esfregar de barriga em barriga. Meu perder-me entre pêlos algas ardências. Meu pênis submerso. Túnel cova cova cova cada vez mais funda estreita mais. Meus gemidos gritos uivos guais guinchos miados ofegos ah oh ai ui nhem minha evaporação meu suicídio gozoso glorioso.

Drummond, de barriga pra cima.

2 comentários: