terça-feira, 26 de abril de 2011

O que só existe como saudade não existe fora dela! O que só se vê de olhos fechados pertence aos túmulos e às mãos do poeta...e só...e é preciso a benção dessa percepção.




É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.



Mario Quintana, ensinando a sorver o deveras doce ar das mortes.

9 comentários:

  1. O QUE EU TE DISSE SOBRE POESIAS???

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  2. O anônimo não desiste de criticar seu lado poético...

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. ''Para conduzir uma sinfonia às vezes é preciso dar as costas para a platéia.” Continue com as Poesias, pois nosso querido Mário Quintana profetizou: “Não basta apenas viver, é preciso sonhar”

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  5. Meu caro Anônimo. Talvez em outros espaços teu anonimato pudesse ser condenado, mas aqui não. Compreendo de todo coração que alguma razão forte possa haver para tua necessidade de discrição. Outros chamariam de falta de coragem, mas tampouco aqui serás tratado assim. Creio que os corajosos são os que se permitem ser o que são. Seja lá qual for a razão do teu anonimato, fato é que um motivo há e, só por isso, já és digno de ser considerado, afinal tudo que é humano é HUMANO.

    Esse espaço não respeita nada além das pessoas que passam por aqui. Lida com o caos, sabedor de que é só nele que encontramos alguma ordem honesta. Então, a depender da direção em que golfam os vento é que vou construindo esse caminho, um caminho em que os nortes estão nos 4 pontos cardeais. As poesias são elemento constante nesse processo e por isso vão e voltam aqui.

    Imagino que deva ser duro ler minhas tentativas poéticas, mesmo porque pretendem apenas servir de bóia de salvação pra mim. A publicação fica por conta de nutrição à vaidade, ainda muito mal tratado por nós, como se fosse alguma espécie de vilã, quando na verdade sabemos que ela habita multifacetadamente a todos. Creio que isso seja uma culpa enfiada goela abaixo pela Igreja medieval, do tempo em que devíamos ser submissos a Deus porque a humanidade ainda não tinha coragem de dialogar francamente com ele(S).

    Mas quando se fala dos grandes como Quintana, é preciso mais atenção. É preciso, se se quiser sorver os nutrientes do mistério, penetrar nas moradas poéticas. "Entender" poesia não é um exercício fácil mesmo. É mais fácil ler sobre bundas gostosas e tetas macias e outras coisas bem terrenas. Refutar o que não temos capacidade de acessar é também um impulso bem normal e humano, que toca a mim com o que não posso e a todos.

    Fico feliz com tuas pedidas e sempre serão respeitadas. Mas aqui reina o incerto a cada dia porque aqui acordados sonhamos, como lembrou nosso amigo Carlos.

    Abração

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  6. Considerando que o blog é seu Paulo, deixar a poesia de lado, seria como uma forma pouco sincera de demonstrares o que eis. É como se você deixasse de transmitir seus pensamentos, seus sentimentos, que é o que de mais real fazes por aqui.
    E como disse o Carlos: ”Para conduzir uma sinfonia às vezes é preciso das às costas para a platéia.” Que tuas atitudes, assim como esta a cima, sejam sempre dignas de aplauso.
    Um beijo.

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  7. O Paulo vai do céu ao inferno sem se queimar nem se iluminar. Ele é um político dos deuses e demônios. Pois poesia e putaria (talvez não sejam bem essas as palavras) no fundo é tudo a mesma coisa. Isso liberdade, discernimento e saber o que quer. Maestro?! Haaaa isso ele é sim. Mestre! Com maestria! Professor da "A Ordem do Caos", onde os demonios tocam trombeta e os anjos tambor!!!

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  8. "Convivência entre o poeta e o leitor, só no silêncio da leitura a sós. A sós, os dois. Isto é, livro e leitor. Este não quer saber de terceiros, não quer que interpretem, que cantem, que dancem um poema. O verdadeiro amador de poemas ama em silêncio..." (Quintana)


    Fico em silêncio...

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