sexta-feira, 8 de abril de 2011

Reverberações midiáticas sobre Realengo ou Notas sobre o destino



Welington tinha uma boa relação com a família. Os pais adotivos morreram a 1 ano... (?!?)


Welington se dava muito bem com o canário belga que convivia com ele. A polícia encontrou o pássaro morto dentro da gaiola na casa do canalha atirador de criancinhas. Fala-se em morte por falta de alpiste...

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O APRESENTADOR DO JORNAL: Como entender uma mente assim? E aí eu pergunto: o que têm pra entender?

OUTRO APRESENTADOR DE OUTRO JORNAL: Como explicar uma insanidade dessas? E aí eu pergunto de novo: que diferença faz explicar? Será que dá pra comparar o Welington com o Chapeleiro Maluco que era também um insano? Será que esta última pergunta não é idiota? O Chapeleiro Maluco matava criancinhas? Estuprava as cabras do Mundo das Maravilhas? Alguém pode explicar o chá do Chapeleiro? Ou sentir? Nem que seja asco? Será que o sentir por ser mais imediato é o único que pode explicar as coisas que não se pode explicar? E o banho de sangue do Welington - o mais novo astro da meninada que quer aparecer na TV e não vai conseguir ser igual ao Justin Bieber, o pau dourado de toda menininha de 12 anos - dá pra sentir sem entender? E por falar em pau, será que a esposa de um cara com um pau de 25 centimetros consegue entender ou sentir seu marido? E amanhã, você ainda vai estar sentindo um Realengo pelo corpo? Ou já hoje vai tomar um porre e trepar com sua esposa sem sal em nome das criancinhas do Realengo? E depois de amanhã? E depois de depois de depois de depois de depois de amanhã? O que haverá, então? É pecado não ficar chocado com o Welington? É pecado matar os outros aos poucos? Nós que matamos tanto os outros aos poucos? Se eu resolver matar alguém amanhã tentarão explicar essas perguntas que foram minhas...


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Entrevista com um psiquiatra:

JORNALISTA: O que o senhor indica para pessoas que venham a sentir vontade de matar crianças?

PSIQUIATRA: Que fiquem calmas...

JORNALISTA: Há como evitar atos desastrosos como os que ocorreram em Realengo?

PSIQUIATRA: Sim, com muita maconha.

(parece que a entrevista não passou na sessão de edição)


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Mortes em Realengo (alô alô Realengo...) confirmam que o Brasil é um gigante que desperta para o banquete dos grandes no cenário mundial. Enfim estamos deixando de ser pobres. Chacinas em escolas envolvem problemas psicológicos. E como psicólogo é coisa de aristocrata, estamos deixando de ser plebeus. ARRÃ, NÓS(X) TAMBÉM PODEMOS(X) MERMÃO (versão carioca de YES, WE CAN).


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Da série “OH MEU DEUS, OS PONTOS DE VISTA...”

Conversa de ontem a noite numa mesa de boteco em Realengo:

BÊBADO 1: Sabe Zé, com aquela matança toda feita por aquele maluco, eu me aliviei, afinal, as contas que não consigo pagar, o corno que levei daquela puta da minha mulher e a brochada que eu dei no final de semana, ficaram fichinha perto do que aquelas famílias tão passando. Pô, perder os filhos deve ser dose. Foi que a morte da criançada serviu pra me deixar melhor...

BÊBADO 2: Comigo aconteceu o contrário. Fiquei super grilado. Além de todos os meus problemas, mais esses agora. E a televisão não para de falar e falar e falar.

BÊBADO 3: Cada um com os seus problemas. E por falar em problemas, os únicos que ficaram sem nenhum foram as crianças que morreram e o José de Alencar...esses sim tão numa boa.

BÊBADO 4: Olha eu sou um sortudo, uma sobrinha minha estava na escola e sobreviveu. Saiu sem nenhum arranhão, graças a Deus. Mas as 12 crianacinhas se foram...graças a...graças a quem será? A Deus? Não, isso só pode ser coisa do Diabo









2 comentários:

  1. "Nós que matamos tanto os outros aos poucos?"
    Nós que nos preocupamos tanto com coisas supérfluas e nos esquecemos do real valor das primordiais, que ainda estão por aqui! É bem verdade o que disseram os bêbados da tua ficção, sobretudo o último: "isso só pode ser coisa do diabo..."

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  2. Muitas perguntas. ausência de resposta.
    O rapaz tinha seus motivos; eu concorde com ele ou não, ele tinha.
    E mais: cada um tem seus motivos para agir da forma que escolhe,independente se os demais aceitem, conrcordem ou aprovem.
    Em relação a este acontecido: passou, morreu. agora o máximo que podemos fazer é lamentar e continuar vivendo.

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