quinta-feira, 18 de abril de 2013

O AINDA








O sagrado e o profano têm peticionado aos céus em busca da nova resposta. A rinha e o transe animalesco estão na política, nas faculdades, na rede, no jornal, no silêncio dos velhos nos asilos. 

Os evangélicos sabem toda a verdade. Os gays sabem toda a verdade. Os evangélicos estão salvos do inferno. Os gays estão salvos da grande infância. Os evangélicos leram a Bíblia. Os gays leram a sabedoria pagã, os alemães e as entrelinhas da dor. Os evangélicos vencem a vida. Os gays vencem a morte. 

São as novas facções. São dois meninos com socos pueris que se reúnem ao redor de um grupo de meninos no intervalo do colégio. É o mesmo buraco que já empacou as dicotomias d passado. É a grande recorrência do exercício de fazer o tempo passar com o balanço de uma gangorra. Uma sístole e uma diástole que, inevitavelmente, a cada inflação, coloca uma pedra a mais no caminho que conduz ao senhorio da morte. É uma outra história, uma outra fantasia, mas com o mesmo enredo. Um outro jeito e um outro nome, mas só. Eles estão brigando de novo, discutindo, com argumentos nos artigos do jornal, arrebanhando os imbecis de cada um dos lados, porque entendem que existem lados. 

As evangélicos sabem que, no fundo, poderiam sucumbir à curiosidade que ronda o cú. Os gays sabem que, no fundo, Deus está lá, controlando toda a loucura deles e dos evangélicos. São co-irmãos na loucura média. É Caim e Abel, cada um com seus exércitos. São múmias da moral, porque ainda cercam a moral com conceitos. São múmias dos conceitos, porque ainda precisam dizer a palavra "é". São múmias quanto à morte, porque o medo lhes é insuportável. São múmias quanto ao eixo da consciência, porque desconhecem a profundidade da inconsciência. São múmias quanto ao silêncio, porque ainda pensam que a linguagem é uma condição... 

No fundo são analfabetos porque não conhecem a gramática da contemplação testemunhal. São analfabetos do detalhe. Analfabetos do paradoxo. Analfabetos dentro de um mundo que foi educado à separação, à desunião e à desintegração. Analfabetos que fazem do espelho, antes de uma porta de entrada, um muro que refrata. O ego, a vontade de poder e a pureza estão comparando o tamanho do pau com um olhar juvenil por cima dos mictórios. Ainda.

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