Meu vermelho
são raios que acontecem ao meu redor.
Meu vermelho
parece com o inferno.
É uma cabeça
que acorda natimorta
com um dos lados
da cara numa poça de sangue na Av. Alguém Importante.
Meu vermelho
tem tons de laranja relâmpago.
O laranja é
um vermelho disfarçado.
Existem
cores e pessoas de dar dó.
Mas é preciso o laranja, pra se chegar ao vermelho...caravela hacia al cielo!
O laranja é
o cara que foi usado por outros caras pra esconder uma pilantragem.
Meu vermelho
é uma espanhola morena,
coxas
esperançosas,
hálito ruim
e quente de sangria vagabunda,
castanholas e aquele vestido arquetípico,
ácida
sensualidade que desconcerta meu olhar.
Um olhar de
vampira de filme do SBT.
Meu inferno é um jogo incessante entre o nobre e o vagabundo.
Posso
dizer aos que ao inferno chegarão:
o inferno
não é um recreio assim tão áspero do nosso filme.
Os recreios de escola são quase piores que o próprio inferno:
toda crueldade, vileza e ódio humanos puros estão num recreio de escola.
O inferno
vale a pena porque é um inferno querido, pensado, projetado.
Se ocorre de infernos aparecerem sem que os queira:
sinal de que ainda se deve muito à si mesmo...
Infernos autênticos são de antemão arquitetados.
São melhor lugar que
museu ou praia.
Museu é pra
gente que gosta de dizer que foi a um.
A praia é
dos covardes que não suportam a melancolia do frio,
átrio jocoso do inferno.
Meu vermelho
é de morangos maduros que lembram mamilos rosas com tesão,
é uma cabeça
de pau inchada.
Meu vermelho
é a sensualidade de uma pessoa que sou sem querer,
e todos meus
estagiários do destino.
O inferno é a falta de Senhores, de Reitores, de Direção.É uma peça sem cartaz, sem horário, com personagens fantasma,
e uma única platéia feita de você.
Meu vermelho
é uma mulher que usa meu pé pra acariciar a própria buceta enquanto escrevo.
Pois...Agora pouco
me resta:
estou sendo
pressionado a parar de escrever.
Deve ser por
isso que dizem que o demônio vive dentro das mulheres,
são elas que
acabam nos falindo, de um jeito ou de outro...
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