domingo, 18 de dezembro de 2011

MEU VERMELHO



Meu vermelho são raios que acontecem ao meu redor.

Meu vermelho parece com o inferno.

É uma cabeça que acorda natimorta

com um dos lados da cara numa poça de sangue na Av. Alguém Importante.

Meu vermelho tem tons de laranja relâmpago.

O laranja é um vermelho disfarçado.

Existem cores e pessoas de dar dó.

Mas é preciso o laranja, pra se chegar ao vermelho...caravela hacia al cielo!

O laranja é o cara que foi usado por outros caras pra esconder uma pilantragem.

Meu vermelho é uma espanhola morena,

coxas esperançosas,

hálito ruim e quente de sangria vagabunda,

castanholas e aquele vestido arquetípico,

ácida sensualidade que desconcerta meu olhar.

Um olhar de vampira de filme do SBT.

Meu inferno é um jogo incessante entre o nobre e o vagabundo. 

Posso dizer aos que ao inferno chegarão:

o inferno não é um recreio assim tão áspero do nosso filme.

Os recreios de escola são quase piores que o próprio inferno:
toda crueldade, vileza e ódio humanos puros estão num recreio de escola.

O inferno vale a pena porque é um inferno querido, pensado, projetado.
Se ocorre de infernos aparecerem sem que os queira:
sinal de que ainda se deve muito à si mesmo...

Infernos autênticos são de antemão arquitetados.
São melhor lugar que museu ou praia.

Museu é pra gente que gosta de dizer que foi a um.

A praia é dos covardes que não suportam a melancolia do frio,

átrio jocoso do inferno.

Meu vermelho é de morangos maduros que lembram mamilos rosas com tesão,

é uma cabeça de pau inchada.

Meu vermelho é a sensualidade de uma pessoa que sou sem querer,

e todos meus estagiários do destino.
O inferno é a falta de Senhores, de Reitores, de Direção.
É uma peça sem cartaz, sem horário, com personagens fantasma,
e uma única platéia feita de você.
Meu vermelho é uma mulher que usa meu pé pra acariciar a própria buceta enquanto escrevo.

Pois...Agora pouco me resta:

estou sendo pressionado a parar de escrever.

Deve ser por isso que dizem que o demônio vive dentro das mulheres,

são elas que acabam nos falindo, de um jeito ou de outro...

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