- velho sem noção dos anos 30 com problemas psíquicos-
Eu ainda me acho novo. Apesar disso é engraçado perceber que já não estou entre os mais novos. Da experiência com o amor somos cientistas desde cedo. Depois que a gente supera os amores do ninho, transferimos a energia para uma namoradinha. Mas sempre somos novos demais, puros demais, idiotas demais. Amamos, antes de tudo, a possibilidade de poder amar alguém.
E é em geral por isso que a quantidade de equívocos é grande em matéria de amor nessa fase fodida em que não temos pêlo no peito nem lucidez na moringa. É normal amar mais o “ter a namoradinha” do que a namoradinha propriamente dita. Esse “ter a namoradinha” é a primeira ereção existencial de um homem. Eu tinha um filé de namoradinha, mas como eu fazia tudo errado, ela meteu uma galhada em mim. Hoje dou toda a razão pra ela.
Quando eu tinha 13 anos queria ter uma namorada pra mostrar que eu já tinha condições de ter uma namorada. Desde cedo queremos a individuação. Queria muito porque além de querer muito, um amigo meu de 12 anos (ou seja, 1 ano mais novo que eu – considerando que nessa época 1 ano parece sempre muito mais que 1 ano) tinha uma namoradinha, que era uma belezinha que, legalmente, não poderia fazer sexo, mas que, mesmo assim, vivia dando a perequitinha 0km pra esse meu amigo.
Claro me dava uma inveja filha da puta dele, que já tinha chumaços de pêlo embaixo do braço sendo 1 ano mais novo que eu, que só recebi pêlos de sovaco com atrasados 19 anos. Durante toda minha pré-adolescência achei que minha falta de pêlos era determinante pro meu insucesso com as mulheres. Hoje a moda é tirar os pêlos, o que demonstra como o mundo é historicamente bipolar.
Além disso, eu era um rato de laboratório, raquítico, branco que nem uma farinha de trigo, com uma orelha de abano (sim, apenas uma) que me rendeu apelidos clássicos como “zôreia”, “topo gigio”, “dumbo”(sim só uma orelha, dá pra imaginar o desastre?). Eu acho que o SUS deveria pagar essas cirurgias de orelha pra todo mundo que nasce com elas alienígenas e tenebrosas como a que eu tinha.
Eu ia visitar esse meu amigo que morava em outra cidade e ele com aquela namorada belezinha de 13 anos. Aí de noite, depois de dar umas voltas a pé pela rua, passando frio e bebendo vinho barato no bico, voltávamos pra casa. Eu dormia num colchão na sala e ele ia pro quarto com namoradinha. E eu ficava lá ouvindo os ruídos daquela trepada teen, pensando que eu era um desgraçado.
Pensando, hoje, dá pra perceber que todo guri de 13 anos é um desgraçado. Eu não sei como anda o grau de lucidez dessa gurizada que tem 13 anos hoje, porque eles são diferentes, já nascem sem sexo, trepando a 3 desde cedo (o que eu que já sirvo pra tio deles nunca fiz...(candidatas favor enviar email)). Uma amiga disse que a nova raça dos adolescentes de hoje é de “menines”, já que não são nem meninos, nem meninas. Essa gurizada nascendo sem sexo é uma pedrada na moral do século passado, que ainda nos dá a impressão de que não passou.
Na minha adolescência do século passado, teve um dia em que os pêlos filhos da puta resolveram aparecer. Dei a sorte grande de namorar uma menina linda e gostosa, lisa como uma sobrecoxa de frango sem couro. Todo mundo queria namorar com ela e não sei até hoje como consegui. Deve ter sido porque eu arranhava umas músicas no violão e porque era um estrategista profissional no “verdade e consequencia” que é um jogo que serve de pretexto pra todo mundo pegar todo mundo. Acho que a mulherada adora violeiro porque imaginam aqueles amores ciganos, em que o cigano seqüestra a amada pra uma aventura encantada da Disney. Seguramente vários relacionamentos têm um débito enorme com os violões.
Namorei essa menina um tempo e depois ela me trocou por outro. Fiquei fodido e brocha e, pensando, foi isso que me tornou um assassino. Depois namorei outras e sempre no final ficamos fodidos e brochas por um tempo. Depois vem outra e começa tudo outra vez. Mas eu venho pensando que pode ser que assim não seja pra sempre. Afinal, se for como todo resto, com amor, é também praticando que a gente aprende.
E é aí que eu acho que, mais uma vez, o óbvio não consegue ser visto. Quanto mais velho for o casal, maior será o amor e o tesão. Vou trepar muito com a minha velha, tomar chimarrão no domingo discutindo sobre a desobediência dos cachorros e dos netos, esperar que ela me traga pedaços de bolo com café enquanto eu morro corcunda escrevendo em cima de um computador. Quando eu ficar velho vou ter cansado de brigar comigo, com certeza.
O viveiro é cultivado por quem lençol maranhense
ResponderExcluirTavlez devesse parar de olhar para os corpos esculturais das mulheres. Estes, geralmente, são os desejados por muitos homens, são corpos de bonecas com vida (literalmente) pois há falta de um ser pensante. Assim, não precisarás esperar até a velhice.
ResponderExcluircurti o anônimo que mandou parar de olhar pra bonecas, mas o viveiro ainda é cultivado por quem lençol maranhense
ResponderExcluirBom pessoal, vocês andam bebendo demais.
ResponderExcluirMas tudo tranquilo.
Abraço
Essa incessante busca do AMOR, essa incessante e esperançosa superação do EU. Estamos na mesma! Tudo passa Paulo, e essa briga interior tambem vai passar...alguma coisa sempre fica, mas no fim acabamos "administrando" esses confrontos internos! Vivendo e aprendendo, é isso aí!
ResponderExcluirVamos praticar o amor um com os outros então e a prática nos levará, pelo menos, um pouco mais perto da perfeição...
Que assim seja! rsrs.
Beijo!
Olha a sua frivola busca se torna dificil quando vc, posta sobre swing e em um outro texto vc diz que só consegue dá uma - bem alimentado ou não... Por isso continue escrevendo e trepando mais no pensamento do que no real.
ResponderExcluirAline Aguiar.
É porque temos esse dever moral de nunca ser contraditórios em nada que o mundo está quase explodindo. Trepar no pensamento é um tesão Aline, deveria tentar.
ResponderExcluirAss. Paulo Soares
Resposta friamente plausivel sobre moral - que afinal cada tem a sua baseado no que acha... Essa de trepar no pensamento ta dificil, meu pensamento é pouco criativo, prefiro deixar no ato...
ResponderExcluirE os seus comentarios e textos são muito bons - Leio sempre.
Aline Aguiar.