quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

amores infantis


Sempre gostei da minha prima, a Carol. Foi a prima com a idade mais próxima da minha e, por isso, foi a menina que, desde guri, serviu de razão para os meus desejinhos pueris. Descobri os lábios de uma alma feminina nos lábios miúdos e rosados da Carol, com um selinho fugidio no quarto da nossa vó, quando devíamos ter nossos 9 ou 10 anos.
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Lembro que engolimos uns pedaços de pasta de dente Colgate, afinal de contas, um primeiro beijo não podia ter mal hálito. Os adultos bebiam e fumavam na cozinha da casa da vó e nem cogitavam que as crianças podiam estar seduzidas pela descoberta do "outro". Tivemos uma paixonite infanto-juvenil, muito mais infanto do que juvenil. Acho que ela também deve ter escutado umas músicas pensando em mim naquela época. Devia ser pelos anos de 1993 ou 1994. Na época, eu escutava Queen, pensando que se a gente casasse, nossos filhos iam nascer com defeitos pelo corpo.
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Depois que crescemos, lógico, a paixonite passou. Ficamos amigos. Fui viver meus amores e a Carol foi viver os amores dela. Ela engravidou e virou mãe cedo. Dela nasceu um anjo, a Manu. Que é a criança mais doce e especial que eu já vi. Uma borboleta sem asas. Uma flor, que mostra com os olhos que não vai murchar nunca. Que vai ensinar a pureza de ser a toda nossa família, a todo o país. Deve ser essas crianças índigo, que pelo que sei são especiais e pertencem à nova casta evolutiva da humanidade. No final do ano fiquei 1 hora balançado a Manu na rede. Ela fechava os olhos a cada vez que eu nos lançava no ar, feliz da vida com o vai-e-vem da rede. E enquanto ela fechava os olhos, a vida fazia todo sentido pra mim. Acho que quando eu tiver filhos, meus porquês vão acabar. Escrevi tudo isso, assim ao correr dos dedos no teclado, só porque a Carol mandou uma mensagem repetindo as palavras da Manu:


- Mamãe, se a minhoca não tem pernas, como que ela sobe no pé de limão?


Hoje, eu tenho pela Manu a mesma paixonite que tive pela Carol. Sou bem apaixonado pela doçura toda dela, que me faz ser otimista e ver a vida como ela deve ser vista: como um balançar bom de rede no fim da tarde.

7 comentários:

  1. Grande Paulo, já salvei nos favoritos teu blog, mto bom ler um texto bem criativo e de bom gosto nas palavras. Parabéns. Já sou fã do amigo. Grande Abraço.

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  2. E não é que além de ser minha virtude preferida a doçura ainda é contagiosa?! Beijos, 'negrinho'... rs

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  3. Texto delicado, sensível, escrito com coração e alma. É esse Paulo que eu gosto de ler!

    Sabe Paulo, a maternidade ou paternidade não retira os pqs, ela muda o foco. Há alguém mais importante do quê o nosso umbigo. Uma oportunidade única para melhorarmos, crescermos...além de toda doçura, como vc bem descreve.

    Vc sabe que tenho 3 doçuras como esta em minha vida e é um gde privilégio ser mãe dos meus filhos.
    Aproveite Manu!!

    um bjo

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  4. Grande amigo Borba, brigadão pelo carinho.
    Lu, explique esse teu "negrinho" senão vou apanhar em casa hahaha.
    Brigado Érica, imagino que a paternidade será uma experiência revolucionário, mas daqui a uns bons anos ainda :)
    beijao

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  5. Só pra esclarecer, a pasta de dente naquela época era a KOLYNOS, famoso tubo de aluminio amarelo com a escrita verde.... Caramba, estamos ficando velhos....
    Adorei o post!
    bjs
    carol

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  6. Oras, estávamos falando da doçura da tua postagem (e a Duda perguntou quem era aquela "amiga" - fofíssima, por sinal -, pq ela queria ir brincar! rsrs) e vcs (gaúchos) insistem em chamar o brigadeiro de outro nome! Então se é pra quebrar o pau da barraca: beijos, brigadeirinho! hahahaha

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  7. VERDADE Carol! Era Kolynos mesmo. Acho que a Colgate era muito cara na época. hahahha

    Bom Lu, ta mais que explicado..hahaha
    brigadao pelo livro, dei umas lidas ontem e é ótimo mesmo.
    beijao

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