domingo, 5 de dezembro de 2010

Eu cuspiria


Fomos almoçar num restaurante bacana. Pedimos o prato e duas canecas de chopp. A comida estava boa mas o atendimento muito ruim. Não que estivesse ruim propriamente, estava ruim porque estava muito bom. Queriam nos atender com muita perfeição e aquilo não era nada humano. Os garçons eram treinados para atuar como máquinas. Se o cliente fosse estúpido, estariam ali com um sorriso congelado no rosto. Se o cliente os mandasse tomar no cú, continuariam sorrindo e pediriam desculpa por ter tirado o cliente do sério. Nunca gostei dessas coisas que não são de verdade.


A comida era boa mas essa babação de ovo não descia pela minha goela. Esses restaurantes caros vendem a ilusão do homem como máquina. Ou os garçons não podem acordar putos da vida e mandar o cliente se ferrar? Servilismo demais é um escárnio. Ficaram ali babando nossos ovos sem nenhuma necessidade. Fomos mal atendidos de tanta atenção que queriam nos dar. Fizeram mil perguntas mas quando a garçonete passou e levou minha caneca de chopp, não perguntou antes se podia. Você pode estar pensando que o chopp tinha acabado, mas não. Ainda tinha um gole quente misturado com restos de saliva. Fiquei puto da cara que ela levou o copo sem saber se eu queria tomar o último gole. Tinha feito mil perguntas irrelevantes e quando devia fazer uma importante esqueceu. Talvez fosse essa a parte humana que estivesse faltando. Pelo menos eu ia poder quebrar aquele ritual predestinado de troca de sorrisos entre os garçons e o cliente mimado. Chamei-a e perguntei:

– A caneca que você levou ainda tinha um gole de chopp moça...
– É que o chopp já tava quente senhor. (o senhor era pra eu me sentir importante...) Constestei:
– Mas como você pode saber se eu gosto ou não de chopp quente pra levar o meu copo assim sem mais?
– Quer que eu traga de volta o que sobrou?
– Sim.

Ela voltou com a caneca na bandeja. Era surpreendente como tinha sobrado muito pouco chopp. Eu era um babaca que só queria complicar as coisas. Mas a essas alturas já estava feito. Na verdade eu tinha arrumado aquela confusão só pra criar uma confusão. Não queria tomar aquele gole de chopp quente e cheio de saliva, queria apenas uma reação fora do script. Não bastasse que minha própria baba tivesse acumulada na caneca, ninguém podia garantir que, com a raiva, a garçonete não tivesse cuspido dentro da caneca. Tomei aquele líquido imaginando que ela não tinha cuspido, era conveniente pensar assim, ainda que o gosto me fizesse pensar o contrário. Conclui que a garçonete estava certa: o chopp estava quente e salivado. Por mim e, provavelmente, por ela. Ainda acho que aquela cadela cuspiu dentro. Vagabunda.

8 comentários:

  1. Certo que ela cuspiu.

    Mas enfim, baba de cadela se toma a toda hora.

    Acontece.

    Não tumultua na próxima.

    :)

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  2. Mas bah! Praticamente pediu pra ela cuspir mesmo... :P

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  3. Acho que estais nervoso devido ao fato do meu grêmio terminar na libertadores....Ou foi no dia do adesivo????
    Abraços!!!

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  4. "baba de cadela se toma a toda hora"

    Depois dessa, não tem mais o que se falar.

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  5. Credo Deia, putaquepariu, que raiva é essa do teu sexo? hahaha
    Carulice sempre contrariando o blogueiro! Excessos não se comabtem com outros excessos Carulice.

    ô seu Bruno, teu Gremio é tão desgraçado que vai conseguir ficar fora mesmo ficando em 4o. O Goiás sempre foi uma pedra na chuteira dos tricolores...rss

    Abraço a todos interlunáticos

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  6. ah! que cliente mimado! seja coerente, tomara que ela tenha cuspido! nada mais humano que isso, não era o que tu queria? se não era, deveria ter feito outra provocação.

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  7. em tempo, tá no título "eu cuspiria" ;)

    eu, sempre tão atenta, quese me passei nessa.

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