sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Belezas encasteladas





O RISCO DE

Uma beleza reverenciada
É tornar-se autorreferencial.
Saborear a reverência, encastelada,
É esquecer – da beleza – seu anseio subliminal.

Até que a beleza não mais,
Que é um pé no formigueiro.
E o ardor que nasce verdadeiro,
É o que, da beleza, se escondia atrás.

O belo dos olhos escorrega pela correnteza
Eis que a beleza, senhores,
Não se basta posta à mesa,
É mágica da língua, na usina dos sabores.

Mas se os finos traços se forem, simplesmente,
E o rio dos anos levar-te a juventude
Deixe-se ir a beleza dos olhos, naturalmente,
E deguste a dos sentidos, o belo em plenitude.

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