segunda-feira, 30 de julho de 2012

o espírito da coisa



Entro.
Vejo.
Troco de roupa.
As notícias na TV.
Esportes, o clima. Aquele papo.
O lixo esperando na porta.
O cronópio de estimação que late sem incomodar os vizinhos.
Pressa.
Vida pressa.
Descruzo a perna.
Cruzar a perna é a porção mais sexual de um gozar do pensamento.
Deixo a alpargata livre para viver sua democracia.
O mate morto.
A silenciar.

Respirando.

Respirar e ser pra sempre, é pra sempre.

Vivo poesias virgens.
Quem sentirá além do poeta uma poesia virgem?

A expressão é uma respeitadora.
Respeita tanto quanto as prositutas.
Respeito é exceção.
Dizem que se trata de uma espécie de re-espectare.
Ser espectador de si mesmo,
pra depois poder expectar - como um catarro de antes de dormir.
Enxergar-se de novo, e outra vez, e de novo, e outra vez, e de novo, e outra vez.
Um ir-se-atualizando.
Como os mil desenhos sobrepostos que fazem uma animação à moda antiga.

No fundo um ir-se, apenas.
Em direção a todos no mundo que no fundo são carnais como eu.
A vaidade mora fora da carne.
Por isso o diabo é um deus da carne.

Ando de mãos dadas.
Peregrinando em busca do espelho completo.



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