A grande divisa que separa fé e ateísmo, e toda a discussão que envolve Deus, é um equívoco: o equívoco sobre a necessidade de indagar a existência de Deus. Enquanto essa pergunta ocupa o lugar central de todas as discussões do tema, outra é deixada de lado. Afinal, se concluíssemos sobre a existência ou não de Deus, quais alterações teríamos em nossas vidas? Provavelmente nenhuma: continuaríamos acordando, tendo que lidar com nossos medos, trabalhando sem parar, esperando as esperanças que temos. Por outro lado, se estivéssemos realmente atentos com essa discussão histórica, lançaríamos luz não na questão sobre a existência de Deus, mas na existência da indagação e sua possibilidade de projetos em nossos rumos pessoais e coletivos...É o endeusamento da indagação que faz com que coloquemos em xeque tudo aquilo que de mais comum divinizamos em nossas vidas - do nosso cachorro vira-latas ao nosso estilo ou "filosofia" de vida. Esse indagar é o único meio de perceber o que de podre existe em nossas posições, crenças, opiniões e jeitos de ser. Para encontrar nossas "divindades" legítimas, matando deuses do passado, modos de pensar e agir que não servem mais, ou que são cópias toscas de nossos pais fora de moda ou de nossa comunidade atrasada, precisamos dessa ode à indagação...E duvidar de alguma coisa que se diz absoluta como Deus é o 1o passo. Não consigo ver o ateísmo como nada além disso: um primeiro passo em direção à morte de um Deus geral e de encontro de divindades pessoais.
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