segunda-feira, 24 de outubro de 2011

MÍNIMAS - 4


Roedor recém batizado numa igreja neopentecostal: "Abençoa senhor as famílias amém!"



Os difíceis dias difíceis de hoje são os mesmos dias difíceis de qualquer tempo. Democracia e "diretas já" com 256Kb de uma internet que cai mais que Jesus com a cruz e um trânsito-infernal-salve-se-quem-puder, não é democracia.

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Sexo de amor verdadeiro não impõe variações pornográficas de posição. Sexo sem compromisso é sexo que varia em excesso. Abaixo à cultura kama sutra.

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A modernidade líquida é, na verdade, a direção tradicional do Chico Buarque tratando o sexo como um floreio poético em oposição à direção futurística – meio Bukowski meio Raul Seixas – que quer comer a aranha de uma máquina de foder, com a cobra bem dura, claro.

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É provável que a velhice seja a melhor de todas as férias. Sinto saudade de ser velho.

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Quando se tem algum dom que pessoalmente custa muito e que, na verdade, não custa nenhum centavo, é sinal da derrocada da astúcia capitalista. A astúcia de hoje é uma produção do medíocre.

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As ex-namoradas são cadelas paradoxais. Quando estamos pouco se fodendo pra elas, elas querem foder de novo com a gente.

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Mais liquidez contemporânea: enquanto os corpos trabalham qual máquina, as consciências tateiam numa floresta escura.

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Loucura da superfície: um tópico para o futuro.

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Tudo que se erige de grandioso com a laboriosa consciência dos trágicos, dos céticos, dos niilistas, dos subversivos e dos, assim chamados, reacionários, não lhes ameniza em nada a dor constante, quase eterna não fosse o sono.

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Ditadura é quebrar o ovo antes, democracia, depois. No final, a mistura de mortes é a mesma: antes na vala fria, hoje zumbis desalmados caminhando pela rua.

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Deixei de querer o cachorro que antes queria depois de racionalizá-lo. Se, por um lado, pensar é excluir, por outro, todos os afetos são infantilidades.

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