quinta-feira, 20 de março de 2014

cruzando o rio caveira

o dogma, revestido de todo o tipo de bíblia que se adjetiva na cabeça de gente com medo, é um modo de outorgar infantilmente a um pai qualquer, a interpretação moral, psicológica e sensível dos outros.

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Os filisteus continuam a associar suas vidas a todo tipo de casca. A casca lhes protege das intempéries. E também empalidece suas carnes cruas e sem sabor.

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Esses brancos são assim mesmo, se não cagam na entrada, cagam na saída.

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As mulheres que nunca usaram OB afirmam que é pelo tamanho.

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O Amor subverte as leis da física: perder espaço é potência para crescer.

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Amor é quando duas coisas diferentes se olham e enxergam a mesma coisa. 

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Gozar na vida é amor correspondido.
Viver a vida é amor não correspondido. Morrer na vida é não haver amor.

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A liberdade do silencio é uma peça de mim que grita quando é torturada pela presença. Há em mim uma ausência que sente fome da lisura e da honestidade do silêncio. É uma espécie de incapacidade, de desumanidade, de rabugice melancólica que me toma e me transforma, me coloca em xeque. Uma submissão ao mar dos meus humores. Uma latencia chata que coça o espirito, uma morrinha que afasta ao invés de unir. É um repouso que os meus demônios da alteridade precisam depois de um banquete
barulhento, sociável, notável, bendito, divino, amoroso, aceitável, burguês e com ares de normalidade e de congruência. A congruência não me interessa. Pedir o silêncio, antes de uma
loucura ou uma heresia,
É minha maneira de fazer com que os demônios durmam, quando eles ja me são insuperáveis e insuportáveis. O outro me é uma flecha ferina, um veneno acido que corrói minhas carnes, um mosquito zunindo durante meu grande sono que é estar vivo. Viver é uma maneira de dormir. E de esquecer.
Seria melhor não ser, ser nada, apagar os resquícios de qualquer história para matar os demônios que tem residência fixa nos nossos esquecimentos.
Mas os demônios, tal qual
os anjos, não são muito de
morrer. Apenas dormem, ou tiram ferias. Eu conheço uns e outros, e percebo quando sussurram, mesmo sem entender o que dizem.

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