sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

o dinheiro





O dinheiro. Que poder tem o dinheiro!

Tem sido o senhor de todos os corações, de todas as pulsações, o senhor de toda heresia. Senhor de todos os camelos que passaram pelo buraco da agulha.

O dinheiro já teve muitas vidas, encarnou em mulheres pálidas e em negros de pau grande. O dinheiro é a qualidade de ter sido um deus, uma verdade, um Estado, um Momento, um Nirvana.

A promessa do dinheiro é um nirvana.

É quando a frase “Sejais fiéis à terra”, do Nietzsche, ejacula na boca de uma puta paga.

O dinheiro foi um carrasco, um Don Juan que fez chorar mil mulheres, aquele que colocou a casca de banana. O dinheiro foi o padre católico que vendeu a alma ao diabo.

O dinheiro e o diabo sempre foram siameses. O dinheiro tem separado muita gente.

O dinheiro tem causado vergonhas na separação e nas repartições de suas frações.

O dinheiro foi o Calígula, foi um medieval enfiando a espada na barriga de um troglodita furioso defendendo seu Senhor! O dinheiro criou o vinho, e essa garrafa que está lá longe na cozinha.

O dinheiro, como os outros deuses, é um grande sedutor.

É a mesma bela mulher que foi a carcaça do diabo, agora em versão pornô.

É a Monalisa que virou Bruna Surfistinha. É a pegada na mão que se tornou um bacanal confuso de homens, mulheres, bichas, borboletas, unhas e cabelos que se chupam on line.

É o recado escrito que virou um mural rotatório com mil imagens, textos e egos por segundo.

O charme da dificuldade de acesso à amada que virou um site erótico com descrição de possibilidades e preços adaptáveis ao bolso.

A fidelidade que virou compreender a diferença, a fidelidade que virou relacionamento aberto. Pegar sem se apegar. Estar sempre sem estar. É a crença, que já duvida de tudo.

O dinheiro é o último dos deuses. É o Senhor Feudal de todo o planeta Terra. É o maior de todos – quem duvidará que o presente é o último patamar vivo entre os vivos?

O dinheiro criou as mulheres de 20 que não sabem amar. O dinheiro criou as mulheres de 30 que venderam o seu amor pela própria vontade de poder. O poder esta para o dinheiro, assim como Zeus está para Dionísio. O poder é a lava que escorreu pela superfície.

É o espermatozóide que bateu a cabeça na ponta da camisinha. O poder é a fundação sólida do teatro da economia. A economia é a disciplina das disciplinas, como já foram a teologia, a filosofia, o positivismo, a técnica. A técnica é a máquina de dinheiro.

O dinheiro é o resultado de uma trepada entre a máquina e o poder. O poder enfiou gostoso na máquina. E esse é o sexo mais cibernético que já houve. A máquina já tem silicone, e o poder, algumas vezes, já usou Viagra (só pra garantir a 2ª).

O dinheiro foi o rei que fechou as portas dos cofres, que fechou homens em salas escuras fedendo a merda, que amarrou o homem que via a própria mulher ser estuprada por um cara com um pau 2 vezes maior que o dele. O dinheiro embotou os corações.

O dinheiro foi o guri que atirou as pedras naqueles cachorros unidos pelo cu. Haverá sempre os acenos cruéis dos que antecipam o naufrágio de uma multidão. Boa viagem.

Antes não se podia falar do diabo, antes não se podia ver mulher pelada na Playboy. Hoje falar de dinheiro é colocar a mão dentro da cueca no meio de uma valsa de casamento feito em clube com aqueles peitos de frango com molho branco.

2 comentários:

  1. Bem, já garanti meu lugar no céu. Nada de dinheiro...quem dá aos pobres, empresta a Deus. Sigamos, irmão. Fora da caridade não há salvação!

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