O dinheiro. Que poder tem o dinheiro!
Tem sido o senhor de todos os corações, de todas as pulsações, o senhor de toda heresia. Senhor de todos os camelos que passaram pelo buraco da agulha.
O dinheiro já teve muitas vidas, encarnou em mulheres pálidas e em negros de pau grande. O dinheiro é a qualidade de ter sido um deus, uma verdade, um Estado, um Momento, um Nirvana.
A promessa do dinheiro é um nirvana.
É quando a frase “Sejais fiéis à terra”, do Nietzsche, ejacula na boca de uma puta paga.
O dinheiro foi um carrasco, um Don Juan que fez chorar mil mulheres, aquele que colocou a casca de banana. O dinheiro foi o padre católico que vendeu a alma ao diabo.
O dinheiro e o diabo sempre foram siameses. O dinheiro tem separado muita gente.
O dinheiro tem causado vergonhas na separação e nas repartições de suas frações.
O dinheiro foi o Calígula, foi um medieval enfiando a espada na barriga de um troglodita furioso defendendo seu Senhor! O dinheiro criou o vinho, e essa garrafa que está lá longe na cozinha.
O dinheiro, como os outros deuses, é um grande sedutor.
É a mesma bela mulher que foi a carcaça do diabo, agora em versão pornô.
É a Monalisa que virou Bruna Surfistinha. É a pegada na mão que se tornou um bacanal confuso de homens, mulheres, bichas, borboletas, unhas e cabelos que se chupam on line.
É o recado escrito que virou um mural rotatório com mil imagens, textos e egos por segundo.
O charme da dificuldade de acesso à amada que virou um site erótico com descrição de possibilidades e preços adaptáveis ao bolso.
A fidelidade que virou compreender a diferença, a fidelidade que virou relacionamento aberto. Pegar sem se apegar. Estar sempre sem estar. É a crença, que já duvida de tudo.
O dinheiro é o último dos deuses. É o Senhor Feudal de todo o planeta Terra. É o maior de todos – quem duvidará que o presente é o último patamar vivo entre os vivos?
O dinheiro criou as mulheres de 20 que não sabem amar. O dinheiro criou as mulheres de 30 que venderam o seu amor pela própria vontade de poder. O poder esta para o dinheiro, assim como Zeus está para Dionísio. O poder é a lava que escorreu pela superfície.
É o espermatozóide que bateu a cabeça na ponta da camisinha. O poder é a fundação sólida do teatro da economia. A economia é a disciplina das disciplinas, como já foram a teologia, a filosofia, o positivismo, a técnica. A técnica é a máquina de dinheiro.
O dinheiro é o resultado de uma trepada entre a máquina e o poder. O poder enfiou gostoso na máquina. E esse é o sexo mais cibernético que já houve. A máquina já tem silicone, e o poder, algumas vezes, já usou Viagra (só pra garantir a 2ª).
O dinheiro foi o rei que fechou as portas dos cofres, que fechou homens em salas escuras fedendo a merda, que amarrou o homem que via a própria mulher ser estuprada por um cara com um pau 2 vezes maior que o dele. O dinheiro embotou os corações.
O dinheiro foi o guri que atirou as pedras naqueles cachorros unidos pelo cu. Haverá sempre os acenos cruéis dos que antecipam o naufrágio de uma multidão. Boa viagem.
Antes não se podia falar do diabo, antes não se podia ver mulher pelada na Playboy. Hoje falar de dinheiro é colocar a mão dentro da cueca no meio de uma valsa de casamento feito em clube com aqueles peitos de frango com molho branco.
Bem, já garanti meu lugar no céu. Nada de dinheiro...quem dá aos pobres, empresta a Deus. Sigamos, irmão. Fora da caridade não há salvação!
ResponderExcluirEstilo Amém! Beijo
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