sábado, 24 de novembro de 2012

os pesos da imanência





somos os jesuses e a academia é a cruz.
começo a fazer aquela força toda,
como se fosse mexer o globo terrestre sem a ajuda de nenhum amigo.
no 1-2-3 você ainda pensa que pode...
depois do 4-5-6 você já começa a perder a esperança.
então uma bunda passa, dura como um osso, gostosa, florida, fluida,
mas ela será dos trogloditas, 
que tem braços maiores que a minha coxa. 
O Obama reeleito, 
o primeiro negro e
ncabeçando o STF, 


os gols da rodada...


tudo acontece nas notícias da televisão enquanto você é uma formiga operária erguendo um peso de merda.
7-8-9...
a coisa começa a fritar, foder, TRUCIDAR, ESTILHAÇAR o pobre músculo,
como se enfiassem uma lâmina crua na sua carne mais crua ainda.
você sabe que as mesas de bar estão cheias de gente feliz entornando o caneco, 


chopp, jack daniels com duas de gelo, caipirinhas à beira-mar.
nos motéis os caras estão metendo e olhando a bunda das namoradas no espelho do teto.
as famílias brincam com suas crianças no tapete da sala.
e você ali, com aquele PROGRAMA DE EXERCÍCIOS,
3 séries de 10, 12, 15 repetições


um verdadeiro cardápio de autotortura consentida, 


feito por um computador filho da puta que NÃO te conhece, 


que NÃO sabe o tamanho tua preguiça, 


ou do quanto você acha LENTO aquele processo, 


do quanto você sabe que está sendo SABOTADO pela obrigação da "saúde" ou da "boa forma" 


(boa forma de trepar com as bunda-osso)
no 10-11-12, inevitavelmente se comete uma espécie de suicídio.
é um último suspiro antes da morte, 


uma dor de parto, 


um esmagador de dedo de bruxas na idade média.
a hipoglicemia e a fraqueza reclamam.


um rosto PÁLIDO no espelho que é o meu.
os livros estão todos lá, esperando por olhos.

o exercício do abstrato é dolorido, mas é como uma função já exercida.
em vidas pregressas nunca fiz academia, é alguma coisa que não sei.

então eu resolvo a questão com simplicidade: 


mando aquele peso todo pro INFERNO.
o natal está aí, o fim de ano.


vou encher o rabo de carne de porco, lentilha,


fios de ovos, aquela cereja sem vida da decoração, 


peru e e arroz à grega,


cervejas em comemoração ao papai noel.


e em janeiro, se o mundo não acabar, eu resolvo esse coma com a imanência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário