sábado, 19 de dezembro de 2009

Olha! quem é esse? Acho que é meu pai. Ele tá brabo comigo? Olha minha mãe sorrindo... Não, parece triste... Será que é por minha causa?
Menino, não pode falar essas coisas, é errado! Olha as outras crianças, como são comportadas. Tá vendo teu amiguinho? Os pais são orgulhosos dele, só tira notas altas...
Olha, meu filho, tens que tomar cuidado! Tu só podes confiar na tua família.
Menino, tu não enxergas! Eu dou um duro danado pra pagar as contas e tu só fazes estudar na vida!
Olha, tu tens que ser um homem de sucesso!
Olha, casamento é pra vida toda....
Um bom homem é aquele que tem um olhar para o futuro... Olha teu pai....
Olha o filho do João, entrou nessa roubada de se apaixonar e tomou um chifre da mulher...
Olha a mulher perfeita pra eu casar...
Olhar nos olhos é coisa de gay...
Olha: meu filhão nasceu, vai ser que nem o pai! Olhar firme e dinheiro no bolso...
Olha, tô com uma dor esquisita nas costas....
Não tenho tempo, olha os clientes chegando...
Olha o novo carro do ano.
Olha que festa chique...
Olha se gosta dessa roupa...
Olha, quanto mais tempo no trabalho, melhor...
Olhar pra minha mulher todo dia é duro...
Olha, não estou enxergando direito, vou ao oculista. Dois graus e meio! Puxa, vou usar óculos que nem meu pai!
Não, agora não, tô cansado, filho. Olha, o pai tem coisas importantes pra resolver...
Olha, Carlos, sei que faz 2 anos que eu não apareço no futebol, é que preciso ter uma visão para a empresa...
Ah, meu amor, esse final de semana eu tenho que focar no trabalho, não vai dar...
Cara, seus olhos estão estalados...
Olha, tô sentindo uma coisa estranha no peito...
Paula, olhando bem, me sinto muito agitado, vê na farmácia um calmante, um remédinho pra eu dormir melhor...
Te olha no espelho, João, é mais sério, tu estás pálido...
Olha, nada de médico, sei me cuidar sozinho...
Olha que gostosa! Pára, Antonio, sabes que eu não tenho olhos para isso...
Olha, tô sentindo falta de ar... olha, minhas mãos estão trêmulas...
Olha meu filho, como cresceu!
Olha, tô com a boca seca...
Olha, onde estão meus amigos?
Olha, preciso deitar...
Olha, não amo minha mulher faz uns 10 anos...
Olha, está escurecendo...
Olha meu filho chorando...
Olha meu corpo caindo...
Olha como eu vivi sozinho...
Olha meu coração explodindo...
Como não vi tudo isso?!

Abra os olhos, agora!

domingo, 13 de dezembro de 2009

Ao descobrimento

Quinhentos e tantos anos depois, o homem lança-se novamente ao mar. Para novas descobertas e outros escambos nas Índias.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Érica, Lispector e um sorriso


Recebi uma linda homenagem no blog da amiga Érica. Tanto pelo carinho quanto pelas sempre fidalgas palavras de Lispector, faço um agradecimento público a ti Érica; e reproduzo esta exata combinação de palavras! Seguimos a intuir as verdades; essas que, ao final, reinam como floridas certezas na mais límpida consciência. Com as sombras das verdades já podemos milagres!



"O que me tranqüiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta. O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete não transborda nem uma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de alfinete. Tudo o que existe é de uma grande exatidão. Pena é que a maior parte do que existe com essa exatidão nos é tecnicamente invisível. O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas. Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição."


Clarice Lispector

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

tim-tim aos idiotas!


Se bebemos para ser mais idiotas e se, idiotas, ficamos dionisiacamente felizes; então os idiotas que o são sem qualquer álcool vagando pelo sangue, são dionisíacos sóbrios, que fazem da vida uma felicidade plena. Que fortuna ser um idiota completo! Por isso, devemos brindar quando estivermos bêbados e efemeramente idiotas, aos idiotas de verdade, os mais sábios entre os sábios mais idiotas...tim-tim!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Boaventura de Sousa Santos: a contrarrevolução jurídica



A contrarrevolução jurídica



ESTÁ EM curso uma contrarrevolução jurídica em vários países latino-americanos. É possível que o Brasil venha a ser um deles.Entendo por contrarrevolução jurídica uma forma de ativismo judiciário conservador que consiste em neutralizar, por via judicial, muito dos avanços democráticos que foram conquistados ao longo das duas últimas décadas pela via política, quase sempre a partir de novas Constituições.Como o sistema judicial é reativo, é necessário que alguma entidade, individual ou coletiva, decida mobilizá-lo. E assim tem vindo a acontecer porque consideram, não sem razão, que o Poder Judiciário tende a ser conservador. Essa mobilização pressupõe a existência de um sistema judicial com perfil técnico-burocrático, capaz de zelar pela sua independência e aplicar a Justiça com alguma eficiência.A contrarrevolução jurídica não abrange todo o sistema judicial, sendo contrariada, quando possível, por setores progressistas.Não é um movimento concertado, muito menos uma conspiração. É um entendimento tácito entre elites político-econômicas e judiciais, criado a partir de decisões judiciais concretas, em que as primeiras entendem ler sinais de que as segundas as encorajam a ser mais ativas, sinais que, por sua vez, colocam os setores judiciais progressistas em posição defensiva.Cobre um vasto leque de temas que têm em comum referirem-se a conflitos individuais diretamente vinculados a conflitos coletivos sobre distribuição de poder e de recursos na sociedade, sobre concepções de democracia e visões de país e de identidade nacional.Exige uma efetiva convergência entre elites, e não é claro que esteja plenamente consolidada no Brasil. Há apenas sinais nalguns casos perturbadores, noutros que revelam que está tudo em aberto. Vejamos alguns.- Ações afirmativas no acesso à educação de negros e índios. Estão pendentes nos tribunais ações requerendo a anulação de políticas que visam garantir a educação superior a grupos sociais até agora dela excluídos.Com o mesmo objetivo, está a ser pedida (nalguns casos, concedida) a anulação de turmas especiais para os filhos de assentados da reforma agrária (convênios entre universidades e Incra), de escolas itinerantes nos acampamentos do MST, de programas de educação indígena e de educação no campo.- Terras indígenas e quilombolas. A ratificação do território indígena da Raposa/Serra do Sol e a certificação dos territórios remanescentes de quilombos constituem atos políticos de justiça social e de justiça histórica de grande alcance. Inconformados, setores oligárquicos estão a conduzir, por meio dos seus braços políticos (DEM, bancada ruralista) uma vasta luta que inclui medidas legislativas e judiciais.Quanto a estas últimas, podem ser citadas as “cautelas” para dificultar a ratificação de novas reservas e o pedido de súmula vinculante relativo aos “aldeamentos extintos”, ambos a ferir de morte as pretensões dos índios guarani, e uma ação proposta no STF que busca restringir drasticamente o conceito de quilombo.- Criminalização do MST. Considerado um dos movimentos sociais mais importantes do continente, o MST tem vindo a ser alvo de tentativas judiciais no sentido de criminalizar as suas atividades e mesmo de o dissolver com o argumento de ser uma organização terrorista.E, ao anúncio de alteração dos índices de produtividade para fins de reforma agrária, que ainda são baseados em censo de 1975, seguiu-se a criação de CPI específica para investigar as fontes de financiamento.- A anistia dos torturadores na ditadura. Está pendente no STF arguição de descumprimento de preceito fundamental proposta pela OAB requerendo que se interprete o artigo 1º da Lei da Anistia como inaplicável a crimes de tortura, assassinato e desaparecimento de corpos praticados por agentes da repressão contra opositores políticos durante o regime militar.Essa questão tem diretamente a ver com o tipo de democracia que se pretende construir no Brasil: a decisão do STF pode dar a segurança de que a democracia é para defender a todo custo ou, pelo contrário, trivializar a tortura e execuções extrajudiciais que continuam a ser exercidas contra as populações pobres e também a atingir advogados populares e de movimentos sociais.Há bons argumentos de direito ordinário, constitucional e internacional para bloquear a contrarrevolução jurídica. Mas os democratas brasileiros e os movimentos sociais também sabem que o cemitério judicial está juncado de bons argumentos.




BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS, 69, sociólogo português, é professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal). É autor, entre outros livros, de “Para uma Revolução Democrática da Justiça” (Cortez, 2007).

domingo, 6 de dezembro de 2009

Ideologias de domingo


DUVIDE

Duvide, acima de tudo, deste modelo de felicidade que ecoa nos espaços públicos já sem ideologia. Duvide deste orgasmo vital das telas luminosas que fazem da ganância a ideologia que tenta educar cabeças cheias de nada. Dos falsos sorrisos de felicidade que querem domesticar nossas tristezas. Duvide destes horizontes idealizados, que indicam enganosamente ser iguais o brilho do ouro e o brilho dos sorrisos verdadeiros. Desconfie destes sorrisos modulares; destes gestos modulados. Duvide - por favor duvide - da felicidade que não existe. Só assim poderás encontrar a delícia dos momentos alegres e a certeza de que as tristezas são prelúdios dos instantes de alegria e dos ínfimos estados de felicidade.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Atualidades centenárias de Nietzsche


Toda moral tem por fundamento o proveito do rebanho: a aflição dos homens mais raros e superiores está no fato de que tudo o que ela distingue chega-lhes à consciência com o sentimento de apequenamento e de difamação. As forças do homem atual são as causas do abscurantismo pessimista: os medíocres, como de resto do rebaho, quase não possuem questões ou consciência moral, - são alegres. [...] Tanto mais perigosa uma característica parece ao rebanho, tanto mais a fundo ele se acautela em relação a ela.
Friedrich Nietzsche

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Para perceber...

AFLORDOPOTINHO


Os caminhos se apresentam crus!
E as verdades de hoje,
oxalá serão de amanhã também.
O ritmo e a rima não são nada.
Não podem querer ser nada.
Pois tem um algo qualquer de convencimento.
Uma musicalidade que encanta, que fascina.
Porém, o que se busca, em casos raros da vida,
não é exatamente convencer, mas fazer perceber.
O convencimento pode ser um processo, um ardil,
um embuste que busca vitória ou satisfação episódica.
O convencimento é um contagotas de final marcado.
Convencer talvez pudesse ser uma arte,
uma técnica, uma ciência ou uma religião.
É em geral dom inato de homens cordatos.
A história já mostrou que para convencer,
nada se precisa sentir verdadeiramente.
Ainda que os filósofos das interioridades
apontem que ao mentiroso –
que é um convencedor de inverdades –
seja eficaz crer na própria mentira,
não é de convencimento que se constituem
os capítulos importantes da vida.
O filme que nos embriaga
não se conecta a nós por mérito convencitório do diretor,
mas por crença fervorosa de sua história.
Os advogados mais exitosos de um tribunal,
não o são por mestres da retórica, mas porque
acreditam e sentem a verdade do que dizem.
Também os bichinhos de estimação, que nos seduzem
com os olhos tristes e a pelagem macia,
não são convencedores da natureza,
mas despertam a emotividade que adormece
no depauperamento da sensibilidade humana.
Esses todos não nos convencem,
mas fazem perceber que suas razões são
únicas, verdadeiras e, por isso tudo, sinceras.
Não nos convencem, pois, mas nos fazem perceber:
que o filme trazia parte de mim,
que a causa trazia parte dos jurados,
que o cachorrinho trazia parte de seu dono.
E para perceber, quão crus são os caminhos.
Ademais de brutos, os caminhos são longos.
E tantos voltas, idas e vindas, paragens,
pedras pontiagudas, falsas fontes de água,
miragens de todas as cores e curvas labirínticas
tem esse itinerário da vida.
E seus viajantes, inconscientes de si mesmo,
são nau a deriva de seu próprio rio e canoa.
Os lugares mais altos dos sentidos
são impossíveis em solidão.
E também são impossíveis com quaisquer.
A solidão nos aprofunda, até enobrece;
mas só a conjugação nos eleva celestialmente.
Do ctônio ao celestial, queremos este.
Ainda mais com as máculas narrativas
que especulam ser no centro da Terra
o endereço do diabo e do inferno.
Perceber tudo isso leva tempo,
de repente uma vida toda aos pobres insensíveis.
Perceber é o maior detalhe
dessa vida tão cheia de detalhes.
O amor mesmo inaliterado dessas letras,
é o cume das vidas, é o espaço celestial,
Eis aqui sua receita:
2 vidas e 2 percepções.
Depois mexa tudo e
deposite a mistura num potinho de sonhos possíveis.
De lá brotarão flores personalíssimas.
Únicas como as digitais dos dedos
ou os pigmentos da retina.
Perceba sua flor, para depois poder cuida-la.
Como perceber?
Fale com a história dos seus sentidos,
(re)atualize seus conceitos,
especule sobre as noites e
funda seus próprios horizontes.
Se achar que te convecem, desconfie!
Se sentir que estás a perceber, amém!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Luis Carlos Prates: o cabeça de azeitona!



Recebi do Prof. Zeca da Unisinos essa triste pérola. A espinhenta realidade é o que passa diante dos nossos olhos com o comentário desse ser com evidente debilidade mental. Analisando a novembrada, manifestação popular realizada em Florianópolis em 30 de novembro de 1979, diante de uma visita do então presidente João Batista Figueiredo; esse "cidadão de bem" reflete a miséria intelectiva que se propaga pelo senso comum. É doloroso ver que esse tipo de gente forma a opinião das massas. Recebi essa semana outro vídeo com os comentários desse cego ignorante em que falava, no alto de suas reflexões cheias de experiência, sobre educação e sobre a importância da condução dos alunos sob a filosofia totalitária. Disse ele que criança não pensa e não pode nada, então, deve ser privilegiada a imposição sob todos os aspectos. Imposição, coação e propagação de um discurso único de verdade...Olha, me fadiga ter que escrever pra criticar isso! Então desliguem a televisão já que se a liberdade fosse ditatorial era de mandar prender esse cidadão pelo efeito nefasto que causa nas cabeças de quem não tem capacidade crítica...

O Sonhador ( I )

Em outro tribunal kafkaniano da vida o sentenciaram como Sonhador. E decidiu-se no escuro. Na presença única dos grilos a tilintar seus grunhidos agudos, sem as lentes das câmeras da imprensa local nem o empuxo moral das platéias. Sem fontes bem definidas como mediatas ou imediatas, sem gravação eletrônica, taquigráfica ou estenotipa para deixar rastros para futuras investigações e possibilidades de recurso à instâncias que provavelmente nem haviam. A nosso incompreendido Sonhador, diversamente de K., sequer havia um julgador despreparado para lhe apertar a mão suada ao final da condenação, afinal, não há relatos na história da civilização de que existam grilos capazes de apertar a mão como forma de apaziguar o coração de um recém condenado. A síncope doce dos projetos de um sonhador era suave como a morte por afogamento, essa que especulam os vivos ser a melhor – estranhamente ninguém nunca morreram por afogamento e voltou para contar se é deveras terna a morte quando os pulmões se enchem de água. Como aos vivos lhes apraz lançar sentenças especulativas de coisas que não fazem a menor idéia. Essa é uma prática conhecida e corrente nos tribunais da vida, os mesmos que nos moldes dessa passagem capitular condenaram nosso Sonhador.

Não sabia se seus encontros com as imagens oníricas se tornariam apenas memória ou se poderia seguir sonhando seus sonhos sempre. Afinal, o status de sonhador conferido a Sonhador era mera imposição nominativa ou aquela condenação teria a extensão perniciosa de lhe apagar, como que num passe de mágica, as aventuras surrealistas que experimentava nos seus sonhos e seus encantados mistérios? Rumando cabisbaixo pelas calçadas úmidas da sua grande cidade, essa sua indagação interior era espinhenta memória daquele julgamento que julgava ele ser injusto. Certo ou errado, moral ou imoral, justo ou injusto, o fato é que levava a ígnea estampa de sonhador gravada como uma tatuagem na pele da cara; e se via, mesmo sem alcançar sua imagem no espelho quebrado do banheiro de seu apartamento medíocre aos olhos dos medíocres, um condenado pelo tempo presente e atualizado da história. Vivia no seu tempo, e a isso também estava condenado. O presente – que sempre houve quem suspeitasse não se tratar de um tempo – era agora uma conspiração contra suas sadias imagens oníricas. Acordar era o lamento consciente do passado recente de flores e versos tão frescos como a saída de um banho com um amor. O caro leitor já percebeu o estado de graça depois de um banho de amor? Sim, um banho que se tem com quem se ama é uma comunhão graciosa entre uma alma feita de duas gentes e uma enxurrada de água. Mas nosso condenado percebia que sua atual debilidade era, por si só, frágil. Na primeira noite após sua taxação, fechou os olhos e esperou sem saber a profundidade daquilo que os cientistas do sono – provavelmente estadunidenses – chamavam de REM, esmiuçado como rapid eye moviment. Nesse estado do sono em que os olhos se desnorteiam é que Sonhador poderia alcançar o zênite dos delírios noturnos. Cruzou a parábola do sono durante toda a noite e de manhã, vendo-se acordado e com os olhos cheios d’água, havia percebido que sua noite passara em negro. Com nada havia sonhado, posto que o destino lhe havia concedido a graça de sempre lembrar com clareza dos próprios sonhos.

Imaginou acordado que lhe haviam roubado a sensibilidade noturna. Maculou a raça dos grilos e gafanhotos, lhe parecia que também estes tilintavam fugidios na declaração de sua sentença. Tinha a sensibilidade como rumo; e a ausência de sua capacidade noturna de sentir amargava o fundinho de sua garganta. Pensava que se realmente se confirmasse a decisão, não poderia mais arder noturnamente. Afinal, como sentir sem arder? As sentenças imperceptíveis em antanho eram sentidas, igual aos espíritos que nos rondam, esses que nunca vemos com contornos definidos, mas que sentimos a presença no calafrio do pescoço ou no relance do olhar. O Sonhador condenado deveria agora fazer-se acordado, recuperar seus prazer com os olhos abertos. Abandonar a ideia que tinha de que a clareza dos olhos abertos confundiam as imagens da vida. Era seguro de que só podia ver bem se olhasse suas interioridades. Lembrava o exato e profícuo Saint-Exupéry, regalado na infância por uma tia gorda que trocava os livros por uma fila quindins bem passados, quando dizia nas suas linhas que só se podia ver bem com o coração. Se o essencial é invisível, mesmo condenado pelos tribunais da mediocridade, o homem condenado, então, absolvia-se.

(CONTINUA...)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Temas Emergentes no Direito


Há mais de um mês foi lançada, pela Editora Imed, a obra TEMAS EMERGENTES NO DIREITO. Integram a obra capítulos sobre os mais diversos assuntos jurídicos em voga. O 12º capítulo é de minha autoria e se chama "Reconfigurando o positivimo jurídico". Ainda que a propaganda sirva para todos os autores, portanto, inclusive para este que vos fala, resolvi escrever sobre o livro aqui no blog porque hoje terminei de ler o capítulo do querido amigo Luis Alberto Warat que inaugura a obra com o instigante título: "Do Paradigma Normativista ao Paradigma da Razão Sensível".

Incursionando pelo terreno da transdisciplinariedade, Warat se apóia na psicologia para denunciar as falsas representações ideológicas que mantêm aprisionado o Direito. Fala da necessidade de vencer os discursos estereotipados e os lugares comuns que engessam a capacidade sensível dos indivíduos que participam desse nômade e descarrilado circo jurídico . Denuncia as armadilhas do regramento apriorístico, tanto do campo psicológico (já comentado nesse blog) quanto jurídico, referindo que a utópica segurança jurídica nada mais é que um saudosismo psíquico em relação à primeira mamada, momento mítico de simbiose com o peito materno.

Por isso, afora os demais textos que tratam de temas de extrema importância, é especialmente pela qualidade altaneira das linhas de Warat que recomendo a obra.

Adágios sinceros

...

Pensar teus sussurros é perceber o milagre do mundo
...