AFLORDOPOTINHO
Os caminhos se apresentam crus!
E as verdades de hoje,
oxalá serão de amanhã também.
O ritmo e a rima não são nada.
Não podem querer ser nada.
Pois tem um algo qualquer de convencimento.
Uma musicalidade que encanta, que fascina.
Porém, o que se busca, em casos raros da vida,
não é exatamente convencer, mas fazer perceber.
O convencimento pode ser um processo, um ardil,
um embuste que busca vitória ou satisfação episódica.
O convencimento é um contagotas de final marcado.
Convencer talvez pudesse ser uma arte,
uma técnica, uma ciência ou uma religião.
É em geral dom inato de homens cordatos.
A história já mostrou que para convencer,
nada se precisa sentir verdadeiramente.
Ainda que os filósofos das interioridades
apontem que ao mentiroso –
que é um convencedor de inverdades –
seja eficaz crer na própria mentira,
não é de convencimento que se constituem
os capítulos importantes da vida.
O filme que nos embriaga
não se conecta a nós por mérito convencitório do diretor,
mas por crença fervorosa de sua história.
Os advogados mais exitosos de um tribunal,
não o são por mestres da retórica, mas porque
acreditam e sentem a verdade do que dizem.
Também os bichinhos de estimação, que nos seduzem
com os olhos tristes e a pelagem macia,
não são convencedores da natureza,
mas despertam a emotividade que adormece
no depauperamento da sensibilidade humana.
Esses todos não nos convencem,
mas fazem perceber que suas razões são
únicas, verdadeiras e, por isso tudo, sinceras.
Não nos convencem, pois, mas nos fazem perceber:
que o filme trazia parte de mim,
que a causa trazia parte dos jurados,
que o cachorrinho trazia parte de seu dono.
E para perceber, quão crus são os caminhos.
Ademais de brutos, os caminhos são longos.
E tantos voltas, idas e vindas, paragens,
pedras pontiagudas, falsas fontes de água,
miragens de todas as cores e curvas labirínticas
tem esse itinerário da vida.
E seus viajantes, inconscientes de si mesmo,
são nau a deriva de seu próprio rio e canoa.
Os lugares mais altos dos sentidos
são impossíveis em solidão.
E também são impossíveis com quaisquer.
A solidão nos aprofunda, até enobrece;
mas só a conjugação nos eleva celestialmente.
Do ctônio ao celestial, queremos este.
Ainda mais com as máculas narrativas
que especulam ser no centro da Terra
E as verdades de hoje,
oxalá serão de amanhã também.
O ritmo e a rima não são nada.
Não podem querer ser nada.
Pois tem um algo qualquer de convencimento.
Uma musicalidade que encanta, que fascina.
Porém, o que se busca, em casos raros da vida,
não é exatamente convencer, mas fazer perceber.
O convencimento pode ser um processo, um ardil,
um embuste que busca vitória ou satisfação episódica.
O convencimento é um contagotas de final marcado.
Convencer talvez pudesse ser uma arte,
uma técnica, uma ciência ou uma religião.
É em geral dom inato de homens cordatos.
A história já mostrou que para convencer,
nada se precisa sentir verdadeiramente.
Ainda que os filósofos das interioridades
apontem que ao mentiroso –
que é um convencedor de inverdades –
seja eficaz crer na própria mentira,
não é de convencimento que se constituem
os capítulos importantes da vida.
O filme que nos embriaga
não se conecta a nós por mérito convencitório do diretor,
mas por crença fervorosa de sua história.
Os advogados mais exitosos de um tribunal,
não o são por mestres da retórica, mas porque
acreditam e sentem a verdade do que dizem.
Também os bichinhos de estimação, que nos seduzem
com os olhos tristes e a pelagem macia,
não são convencedores da natureza,
mas despertam a emotividade que adormece
no depauperamento da sensibilidade humana.
Esses todos não nos convencem,
mas fazem perceber que suas razões são
únicas, verdadeiras e, por isso tudo, sinceras.
Não nos convencem, pois, mas nos fazem perceber:
que o filme trazia parte de mim,
que a causa trazia parte dos jurados,
que o cachorrinho trazia parte de seu dono.
E para perceber, quão crus são os caminhos.
Ademais de brutos, os caminhos são longos.
E tantos voltas, idas e vindas, paragens,
pedras pontiagudas, falsas fontes de água,
miragens de todas as cores e curvas labirínticas
tem esse itinerário da vida.
E seus viajantes, inconscientes de si mesmo,
são nau a deriva de seu próprio rio e canoa.
Os lugares mais altos dos sentidos
são impossíveis em solidão.
E também são impossíveis com quaisquer.
A solidão nos aprofunda, até enobrece;
mas só a conjugação nos eleva celestialmente.
Do ctônio ao celestial, queremos este.
Ainda mais com as máculas narrativas
que especulam ser no centro da Terra
o endereço do diabo e do inferno.
Perceber tudo isso leva tempo,
de repente uma vida toda aos pobres insensíveis.
Perceber é o maior detalhe
Perceber tudo isso leva tempo,
de repente uma vida toda aos pobres insensíveis.
Perceber é o maior detalhe
dessa vida tão cheia de detalhes.
O amor mesmo inaliterado dessas letras,
é o cume das vidas, é o espaço celestial,
Eis aqui sua receita:
2 vidas e 2 percepções.
Depois mexa tudo e
deposite a mistura num potinho de sonhos possíveis.
De lá brotarão flores personalíssimas.
Únicas como as digitais dos dedos
ou os pigmentos da retina.
Perceba sua flor, para depois poder cuida-la.
O amor mesmo inaliterado dessas letras,
é o cume das vidas, é o espaço celestial,
Eis aqui sua receita:
2 vidas e 2 percepções.
Depois mexa tudo e
deposite a mistura num potinho de sonhos possíveis.
De lá brotarão flores personalíssimas.
Únicas como as digitais dos dedos
ou os pigmentos da retina.
Perceba sua flor, para depois poder cuida-la.
Como perceber?
Fale com a história dos seus sentidos,
(re)atualize seus conceitos,
especule sobre as noites e
funda seus próprios horizontes.
Se achar que te convecem, desconfie!
Se sentir que estás a perceber, amém!
Se achar que te convecem, desconfie!
Se sentir que estás a perceber, amém!
Sou atrasada!
ResponderExcluirMas estou a horas, dias, pra dizer que adorei as imagens das mulheres de Modigliani.
AMEI!
Amo ele.
Vale comentários mega atrasados né? Rsrs
Bjs.
Claro que vale Déia..além das pinturas, me encantei com a música que não conhecia.
ResponderExcluirBjao