Então
falamos sobre como ela gostava. Me disse que tinha construído sua
própria via-régia até o orgasmo. Eu ficava imaginando não o gozo em si,
porque esse eu sentia, mas o caminho. E que tipo de paisagem erótica ou
exótica ela via enquanto ia caminhando até o abismo do orgasmo. E o modo
como caminhava, ou se rebolava, ou se corria, ou se deslizava. Ou se
era abduzida na hora do abismo ao invés de
cair. O orgasmo feminino é mais misterioso que todo o Cosmo e os
Buracos Negros e os OVNIS. É da natureza do êxtase não ter direção, nem
noções espaciais precisas. É uma espécie de lambida que a gente dá na
morte. Ela preferia orgasmo interno, o choque das paredes internas, o
frêmito invisível dos sucos espalhando-se por dentro. Disse que gozar
pelo clitóris era como fumar um cigarro e não tragar. Fiquei pensando em
como sabemos pouco sobre o corpo de uma mulher. E nada sobre sua alma.
Em como somos miseravelmente ignorantes. E em como somos óbvios com
nosso pau ali honestamente pendurado, e nosso orgasmo inegável, e todas
mentiras que não sabemos mentir.
L E G A L 📸
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